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América do Sul

Equador deixa chavismo de lado na Educação

Rafael Correa enfrenta protestos bem mais moderados de professores do que Chávez, para quem ideologia vale mais que a melhora pragmática do ensino

Protestos de estudantes e professores em Caracas durante aprovação apressada da nova lei da Educação venezuelana: manifestantes foram dispersados com gás lacrimogêneo quando tentavam se aproximar do Parlamento | Reuters
Protestos de estudantes e professores em Caracas durante aprovação apressada da nova lei da Educação venezuelana: manifestantes foram dispersados com gás lacrimogêneo quando tentavam se aproximar do Parlamento (Foto: Reuters)
Confira as principais reformas na Educação nos últimos anos |

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Confira as principais reformas na Educação nos últimos anos

Depois de imitar o "mestre" Hu­­go Chávez na realização de referendos, alteração da Consti­­tui­­ção e nacionalização de multinacionais, o presidente do Equa­­dor, Ra­­fael Correa, surpreende ao dar continuidade a uma re­­forma edu­­cacional iniciada em 2005 pelo predecessor, Alfre­­do Palacio, iden­­tificado com o neoliberalismo.

A proposta é tornar a educação mais eficiente e tornar mais rentável o investimento que o Estado faz na Educação. Desde que assumiu, em 2007, Correa investiu cerca de US$ 280 mi­­lhões em reparos de escolas e na construção de novas unidades. Também comprou equipamentos e aumentou salários, mexeu em currículos e na capacitação dos professores. Este último é o calo da reforma (leia acima), que ainda precisa ser aprovada pelo Congresso.

"Esse é o maior esforço dos úl­­timos 40 anos na Educação, e abarca todos os níveis", diz o reitor da Universidad Andina Si­­món Bolívar, Enrique Ayala Mora.

Estão em jogo questões técnicas que demonstram um real compromisso com a qualidade do ensino; algo bastante diferente da ideologização disfarçada de reforma em curso na Vene­­zuela (leia abaixo).

"Se existiu alguma influência não é da Venezuela nem do Bra­­sil, e sim da Colômbia. A reforma foi feita com base na experiência ‘Escuela Nueva’ daquele país", conta o analista do Ministério da Cultura do Equa­­dor, Bolívar Yan­­talema.

A ausência de pressão ideológica evita o estabelecimento de tensão entre educação pública e privada que ocorre no país de Chá­­vez, e Correa demonstra não querer confronto com as escolas particulares.

"O modelo da Venezuela vem da ditadura cubana", compara a professora de educação e cultura da Universidad San Buena­­ven­­tura, da Colômbia, Patricia Pérez Morales. "Já no Equador, o que eu percebo é que estão tentando fazer uma reforma própria, de educação equatoriana, com mo­­delo e proposta próprios", diz a professora, que tem cidadania colombiana e equatoriana.

Por esse ponto de vista, a professora de Educação da UFPR Elisa Maria Dalla Bona compara a reforma equatoriana à brasileira, que vem sendo implementada há mais de dez anos com iniciativas que muitas vezes partem de projetos autônomos de universidades públicas, com base em necessidades e experiências reais. Além disso, a me­­garre­­for­­ma brasileira também sobreviveu a uma mudança de governo. "Agora, instituir o ensino do ponto de vista bolivariano... Chávez é um autoritário, um ditador", desabafa Elisa.

Depois da surpresa equatoriana, resta saber se a reforma que o presidente Evo Morales já colocou no forno na Bolívia atenderá às necessidades daquele país ou se será encharcada dos difusos conceitos bolivarianos de Chá­­vez.

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