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O chanceler alemão, Olaf Scholz, no palco do jardim da Chancelaria, em Berlim, Alemanha, 21 de agosto de 2022.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, no palco do jardim da Chancelaria, em Berlim, Alemanha, 21 de agosto de 2022.| Foto: EFE/EPA/CLEMENS BILAN

A última semana na Alemanha foi um resumo do que tem acontecido nos oito últimos meses, desde que Olaf Scholz se tornou chanceler do país. Corrupção e alta dos preços de energia foram os assuntos que se destacaram na maior economia europeia.

Na sexta-feira (19), Scholz passou quase quatro horas diante do Parlamento de Hamburgo, respondendo sobre o escândalo fiscal de "CumEx Files", em relação à otimização fiscal criada por bancos, que permitiu a investidores estrangeiros reduzirem os impostos pagos sobre os seus dividendos. Dezenas de pessoas foram indiciadas na Alemanha, incluindo banqueiros, corretores, advogados e conselheiros financeiros.

O caso trata, entre outros, da sonegação de cerca de 47 milhões de euros em impostos que o banco M. M. Warburg Co. deve à cidade desde 2016. Nesse período, Olaf Scholz era prefeito de Hamburgo.

O atual chanceler nega qualquer envolvimento no caso, mas o assunto tomou repercussão maior do que durante a campanha para a chancelaria, em 2021, devido ao período de instabilidade econômica, política e social do país. A suspeita do envolvimento de Scholz nos esquemas de corrupção aumentam as críticas tanto da direita, principalmente no partido da União Democrata-cristã, quanto de outros ramos da esquerda, como o partido Die Linke (A esquerda).

Diante da alta dos preços dos combustíveis, durante um evento em que o chanceler iria propor soluções econômicas na pequena cidade de Neuruppin, próxima a Berlim, manifestantes gritavam "Mentiroso, traidor".

De acordo com uma pesquisa feita pelo Instituto Insa, 44% dos alemães disseram estar dispostos a fazer protestos contra os preços de energia no país.

Além da desajeitada gestão de Scholz, ele responde hoje também por antigas decisões políticas, que tornaram o país dependente da energia russa e e da economia chinesa, que fazem com que a Alemanha sofra agora tantas consequências.

Dependência da Rússia e da China

O gás russo corresponde a 55% do combustível presente na Alemanha. Se houver total retirada da energia russa, a Alemanha pode, enfim, entrar em recessão. Além disso, desde 2016, a China é o maior parceiro comercial da Alemanha, um dos maiores importadores do mercado automobilístico alemão.

Em março, o ministro alemão das Finanças, Christian Lindner, disse ao periódico alemão Zeit que estava inquieto em relação à dependência econômica do país em relação à China e à Rússia. "Nós devemos diversificar nossas relações internacionais, inclusive nossas exportações", disse em entrevista ao jornal.

Na época, em coletiva de imprensa, o chanceler alemão reforçou que a transição de mercado, no entanto, "não poderia ser feita de um dia para o outro".

Aposta verde não deu certo

Em 2019, a Alemanha criou uma lei de proteção climática, que prevê uma redução de gases do efeito estufa em 55% até 2030 e neutralidade do carbono até 2050 no país.

Apesar dessa movimentação ecológica, o crescimento da demanda mundial por energia, decorrente da guerra na Ucrânia, faz com que as usinas alemãs precisem queimar mais carvão e isso pode atrasar a transição para a energia verde.

Ao contrário de países vizinhos como a França, que investem na energia nuclear como alternativa aos combustíveis fósseis, a Alemanha, quando estava sob a liderança de Angela Merkel, decidiu desativar usinas nucleares, pelos possíveis riscos de vazamento. Uma opção aparentemente sustentável, mas, na prática, não é nada ecológica e ainda prejudicou a economia do país, com a energia mais cara do continente.

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