Espera
No Brasil, venezuelano interrompe mestrado
A falta de dinheiro obrigou o venezuelano Alexander Velandia, que cursa um mestrado no Brasil, a interromper suas aulas e a retornar a Caracas. Ele esperou mais de três meses pelo recebimento do dinheiro. Quando foi liberado, já era tarde demais.
"Voltei em outubro para o meu país cheio de dívidas e sem conseguir concluir o segundo semestre do curso. Peguei R$ 800 emprestado com um amigo, US$ 300 com outro. Negociei na faculdade e me deram a oportunidade de retomar as aulas em março."
A venezuelana Lorena Delgado nem conseguiu sair do país. Ela tinha se matriculado em um mestrado em Madri e comprado a passagem, mas foi impossibilitada de viajar após ter sua solicitação de divisas rejeitada pelo governo. "Foi muito frustrante. Fiz todos os trâmites a tempo e me negaram. Já tinha pago US$ 300 para reservar a vaga o curso", contou Lorena, que é contadora.
A restrição da Venezuela à compra de moeda estrangeira tem deixado muitos estudantes que saíram do país com o sonho de estudar no exterior em apuros. Há relatos de que o governo não libera a troca de câmbio desde outubro. A solução, muitas vezes, tem sido contar com amigos.
Sem dinheiro, o venezuelano Andrés não tem condições de pagar por uma moradia em Madri, onde vive desde outubro para cursar um mestrado em Administração. Ele teve seu pedido de compra de euro negado pelo governo da Venezuela e suas economias se esgotaram.
"Sinto-me um nômade. Há um mês estou dormindo e comendo na casa de amigos. Antes, porém, quando não conhecia muita gente e tinha vergonha de falar sobre a minha situação, cheguei a passar uma noite em uma estação de metrô", relatou Andrés, de 28 anos, que pediu para não ter seu nome completo publicado.
Desde 2003, o governo venezuelano não permite aos estudantes trocar seus bolívares por euros ou dólares diretamente. Com a acentuação da crise econômica e a falta de dólares no mercado para atender a demanda interna, o governo tem dificultado ainda mais a compra de moeda estrangeira.
Estudantes já ficaram até seis meses de bolso vazio tempo muito superior ao prazo de um mês dado pelo governo para a análise da solicitação de divisas.
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