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Ministra da Saúde da Argentina, Carla Vizzotti| Foto: MARIA EUGENIA CERUTTI / Presidência Argentina / AFP

A ministra da saúde da Argentina, Carla Vizzotti, alertou nesta terça-feira (27) que as próximas semanas serão muito complexas para o sistema de saúde do país, devido ao impacto da segunda onda da Covid-19. Segundo ela, o aumento recente de casos, que supera o registrado no pico da pandemia no ano passado, “coloca em risco a possibilidade de resposta” do setor de saúde para atender pacientes críticos.

A alta demanda de oxigênio – até três vezes maior do que no auge da pandemia em 2020, de acordo com Vizzotti – está entre as principais preocupações das autoridades. Ontem, o governo argentino anunciou, após reunião com fabricantes, que suspendeu temporariamente a exportação de oxigênio medicinal produzido no país, a fim de garantir o abastecimento interno. Também ficou definido que toda a produção será exclusivamente para fins medicinais.

Na região metropolitana de Buenos Aires, alguns hospitais já estão relatando falta do insumo usado no tratamento dos pacientes com Covid-19. Centros médicos estão tendo que racionar o uso do oxigênio e, em algumas clínicas, a capacidade de atendimento de pacientes em leitos de terapia intensiva teve que ser reduzida porque o insumo está em falta.

“Não posso dizer que sejam as novas cepas, porque não estou fazendo esse acompanhamento, mas parece que é uma infecção mais agressiva [em relação ao ano passado]. Os pacientes ficam mais comprometidos. Alguns chegam com 15 dias de evolução, ficam internados por falta de ar e em dois ou três dias eles já estão em terapia, intubados. Isso não aconteceu com tanta frequência no ano passado”, disse ao jornal argentino Clarín a médica intensivista Dora Lacaze, que trabalha na Clínica Centro Privada em General Rodríguez, na região metropolitana de Buenos Aires.

Leitos

Em outras partes do país também há preocupação com a distribuição do insumo. A secretária da Saúde de Santa Fé, Sonia Martorano, disse nesta semana que a província “está no limite de uma crise de oxigênio” e que a ocupação de camas de UTI em Santa Fé é de 90% – em nível nacional, a taxa está em cerca de 70%, considerando todas as patologias. Na famosa cidade turística de Bariloche, na província de Río Negro, os dois principais hospitais anunciaram que não há mais leitos disponíveis – nem mesmo para casos menos graves.

Outro indicador preocupante desta segunda onda na Argentina, assim como está ocorrendo em outros países da região, é a quantidade de pessoas mais jovens que estão necessitando cuidados intensivos por causa da Covid-19. Segundo dados de um relatório do Ministério da Saúde, 44% dos internados em UTI por causa da Covid-19 têm entre 40 e 60 anos e 11% têm entre 15 e 40 anos.

O aumento de casos no país colocou a Argentina entre os dez países com maior registro de diagnósticos de Covid-19 por dia – 510 casos a cada milhão de habitantes nesta terça-feira (27). O Uruguai ainda encabeça a lista, considerando-se os países com mais de um milhão de habitantes (taxa de 854 casos).

Mortes

Com mais casos, mais pessoas estão morrendo. Segundo a média dos últimos sete dias, diariamente ocorrem cerca de 400 mortes, com uma aceleração acentuada desde 20 de abril – no começo do mês, em torno de 100 pacientes morriam diariamente. Proporcionalmente, o número de óbitos diários é menor do que a média na América do Sul – Uruguai, Brasil e Paraguai estão entre os dez piores países nesse quesito, com taxas diárias de mortes por milhão de habitantes de 17, 12 e 11. Na Argentina, estão sendo informadas cerca de 8 mortes por dia, por milhão de habitantes.

Ranking de resiliência

A Argentina também está entre os países que pior geriram a pandemia, considerando-se as 53 maiores economias do mundo. O país ocupa a antepenúltima posição do "Ranking de Resiliência", elaborado pela Bloomberg, onde o Brasil aparece na lanterna.

Para chegar a esta classificação, a Bloomberg avalia dez indicadores, como a taxa de mortalidade, a taxa de positividade, acesso a vacinas, liberdade de circulação e evolução do PIB. Na última atualização feita pela empresa norte-americana, a Argentina caiu sete posições no ranking, principalmente devido ao aumento de casos no país. Colômbia e Peru também estão entre os dez piores.

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