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Campanha pelo "sim" usa o slogan "o futuro da Escócia nas mãos da Escócia" enquanto o "não" apela para "não vale o risco" | Reuters/Paul Hackett
Campanha pelo "sim" usa o slogan "o futuro da Escócia nas mãos da Escócia" enquanto o "não" apela para "não vale o risco"| Foto: Reuters/Paul Hackett

Decisivo

O que está em jogo na votação de hoje:

Se der "Sim"?

A Escócia será um país independente do Reino Unido. Um período de transição vai ocorrer até 2016, quando a decisão passa a ter efeito prático

Se der "Não"?

A Escócia continua parte do Reino Unido, mas deve ganhar mais autonomia fiscal e política, segundo promessa do governo e da oposição em Londres

Moeda nova?

O governo escocês quer manter a libra, moeda do Reino Unido. Londres diz que isso não vai ocorrer

E a rainha Elizabeth II?

Continua chefe de Estado em caso de independência, assim como ocorre com 16 países membros do Commonwealth

Esporte

Na Olimpíada, a Escócia independente deixa de competir pela Grã-Bretanha, nome usado pelo Reino Unido nos jogos. No futebol, cada país já tem sua própria equipe

União Europeia

Com o "Sim", a Escócia sai do bloco automaticamente e precisa requisitar integrá-lo

O que defende o "Sim"?

A Escócia seria um país mais rico investindo os próprios impostos, sobretudo por causa do petróleo do mar do Norte

O que defende o "Não"?

A Escócia vai se enfraquecer sem o suporte do Reino Unido e sem a libra esterlina, e não teria força para explorar o próprio gás

Grã-Bretanha

O Reino Unido e seus países:

Reino Unido

População: 63,2 milhões*

PIB: 1,531 trilhão de libras (US$ 2,522 tri, 2013)

PIB per capita: 25,2 mil libras (US$ 43,8 mil, 2003)

Desemprego: 7,8% (dez.2012)

Inglaterra

População: 53,012 milhões

VAB**: 1,173 trilhão de libras

VAB per capita: 21,9 mil libras

Desemprego: 7,7%

Escócia

População: 5,295 milhões

VAB: 106,3 bilhões de libras*

VAB per capita: 20,0 mil libras

Desemprego: 7,7%

País de Gales

População: 3,063 milhões

VAB: 47,3 bilhões de libras

VAB per capita: 15,4 mil libras

Desemprego: 8,6%

Irlanda do Norte

População: 1,810 milhão

VAB: 29,4 bilhões de libras

VAB per capita: 16,1 mil libras

Desemprego: 7,8%

Fonte: Folhapress. *Dados de 2011.

**Valor adicionado bruto, renda gerada pelos bens e serviços, excluídos os custos de produção e os impostos; dados de 2012.

  • Entrada dos locais de votação tem placas das campanhas pelo
  • Eleitores fazem fila para votar em Edimburgo
  • Bandeiras escocesas são agitadas por adeptos do
  • Pessoas conversam do lado de fora de um local de votação em Pitlochry
  • Eleitor mostra sua gravata estilizada com a bandeira escocesa em Strichen
  • Eleitor levou o seu cachorro ao local de votação em Pitlochry

Os escoceses começaram a votar nesta quinta-feira (18) em um referendo sobre a independência que vai decidir o destino do Reino Unido, depois de pesquisas de opinião mostrarem que centenas de milhares deles ainda estavam em dúvida sobre se apoiam a união de 307 anos ou a secessão.

Veja fotos da votação no referendo da Escócia

Confira como pode ficar a bandeira do Reino Unido se a Escócia optar pela independência

Nas últimas horas antes da votação os líderes de ambos os lados pediram aos escoceses que assumam as rédeas da história, em uma votação que dividiu famílias, amigos e casais, mas também eletrizou este país de 5,3 milhões de habitantes.

Os eleitores devem responder "sim" ou "não" à pergunta: "A Escócia deve ser um país independente".

"Este é um dia histórico para a Escócia. Esperei toda a minha vida para isso. É hora de romper com a Inglaterra. 'Sim' à independência", disse um empresário que deu o nome de Ron e foi a primeira pessoa a votar em Waverley Court, em Edimburgo.

Enquanto ele falava, um casal de trabalhadores gritou "Vote não!".

Cinco pesquisas - dos institutos YouGov, Panelbase, Survation, Opinium e ICM - mostraram o apoio à independência em 48 por cento, em comparação com 52 por cento para a permanência da união. Uma outra, da Ipsos MORI, apontou um resultado ainda mais equilibrado, de 49 por cento para o "sim" e 51 por cento, para o "não". Uma segunda pesquisa da Survation, feita por telefone, indicou 53 por cento para o "não", e 47 por cento para o "sim".

As pesquisas também mostraram que cerca de 600 mil eleitores permaneciam indecisos, tornando a votação muito acirrada. A previsão é que a apuração só estará concluída na sexta-feira (19).

Tradicional neutralidade de Elizabeth II parece não se estender à Escócia

Como chefe de Estado, Elizabeth II se manteve sempre à margem dos vaivéns políticos britânicos, mas por conta do alcance do que está em jogo nesta quinta-feira na Escócia deixou entrever que, desta vez, não será tão neutra.

A soberana, de 88 anos, é admirada e respeitada pelos britânicos por seu estoicismo e por respeitar a vontade democrática, pois considera que está acima das batalhas políticas.

No entanto, perante a inquietação gerada pelo avanço da causa independentista na Escócia diante do referendo de hoje, Elizabeth II aproveitou uma oportunidade para dizer que os eleitores escoceses devem refletir com "atenção".

Seu comentário, realizado no domingo passado ao término de uma missa na igreja de Crathie Kirk, na Escócia, surpreendeu a todos e foi interpretado como uma clara referência que está a favor que a Escócia siga fazendo parte do Reino Unido.

Dirigindo-se a uma das pessoas reunidas perante a igreja para cumprimentá-la, a rainha - que rompeu assim o protocolo pois nunca se aproxima das pessoas quando vai a Crathie Kirk - disse: "Espero que as pessoas pense com muita atenção sobre o futuro".

Seu comentário surgiu depois que alguns políticos britânicos partidários da união se manifestaram a favor de uma intervenção da rainha para impedir o rompimento da Ata de União de 1707, pela qual a Escócia está unida ao Reino Unido.

No entanto, uma porta-voz do Palácio de Buckingham disse à Agência Efe que o referendo é um assunto "que compete ao povo da Escócia".

"A rainha é, e foi sempre, constitucionalmente imparcial em todos os assuntos políticos, incluindo o referendo de independência escocês. Não é uma função constitucional de Vossa Majestade encorajar as pessoas a votar de uma maneira ou outra", assegurou a porta-voz.

O resto da família real também mantém a neutralidade, apesar de príncipe Harry, filho do príncipe Charles, ter dado a entender esta semana que prefere a união ao afirmar, ao término de um evento esportivo para ex-combatentes, que espera que os próximos jogos aconteçam na escocesa Glasgow.

O único precedente sobre uma intervenção de Elizabeth II em assuntos políticos é de 1977, quando aproveitou um discurso por ocasião de seus 25 anos de reinado para lembrar que foi coroada "rainha do Reino Unido de Grã-Bretanha e Irlanda do Norte", por ocasião de uma votação na Escócia e no País de Gales para ceder-lhes autonomia, algo que finalmente não prosperou.

Mas aconteça o que acontecer hoje, saia o "sim" ou o "não", Elizabeth II seguirá sendo rainha do Reino Unido e rainha da Escócia, pois o primeiro-ministro regional escocês, o nacionalista Alex Salmond, já disse que os escoceses a querem como sua chefe de Estado.

A rainha está muito vinculada à Escócia. Tem sangue escocês por parte de mãe e passa todos os anos suas férias no castelo de Balmoral, em Aberdeenshire.

Este castelo, uma das residências mais famosas da soberana, foi comprada pelo príncipe Albert para a rainha Victoria e é utilizada por Elizabeth II para receber todos os meses de agosto o primeiro-ministro britânico e o escocês.

Além de Balmoral, a rainha costuma passar uma semana por ano no palácio de Holyrood, em Edimburgo, a residência oficial dos monarcas britânicos quando cruzam a terras escocesas.

Porém, as obrigações de Elizabeth II com o povo escocês, caso vença o "sim" à cisão, serão estabelecidas na Constituição que a Escócia redigirá antes de uma possível declaração de independência, já fixada para o dia 24 de março de 2016.

Referendo na Escócia

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