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Annie Ernaux criou o gênero “autossociobiografia”: uma mescla de histórias pessoais com críticas sociais.
Annie Ernaux criou o gênero “autossociobiografia”: uma mescla de histórias pessoais com críticas sociais.| Foto: Divulgação

A escritora francesa Annie Ernaux recebeu o Prêmio Nobel de Literatura 2022, nesta quinta-feira (06).  Ernaux é autora de "Os Anos", de 2008 (versão em português da Fósforo Editora, de 2021), sua obra mais conhecida, e de outros títulos da literatura ao longo de 46 anos de escrita, profundamente ligados à vida dela, apesar da escritora recusar o termo "autobiografia".

Aos 82 anos, Ernaux prefere o gênero criado por ela, "autossociobiografia": uma mescla de histórias pessoais com críticas sociais. Segundo a Academia Sueca, em Estocolmo, o prêmio foi concedido "pela coragem e acuidade clínica com que desvenda as raízes, os estranhamentos e os constrangimentos coletivos da memória pessoal.”

No livro "O Lugar", por exemplo, ela faz um relato emotivo após a morte do pai, contando a trajetória da família atrelada ao momento histórico francês de pós-guerra. Ernaux observa que a luta dos pais para que ela estudasse e tivesse uma vida melhor resultou num distanciamento sentimental entre eles, causado pela estrutura intelectual e econômica do país.

Ernaux classifica a escrita como uma exigência "que não pode relaxar". A jornalista francesa Raphaëlle Leyris, do Le Monde, descreve o texto de Ernaux como um "esforço frase após frase, livro após livro, para tentar elucidar a realidade, ter acesso à compreensão e expressar uma verdade sobre a existência".

A escritora costuma usar temas considerados indignos da literatura, como aborto, transporte público, supermercados e outros, além de tratar de assuntos mais "nobres", como tempo, memória e esquecimento.

Nascida em Yvetot, pequena cidade da Normandia, em 1940, Annie Ernaux é a décima sexta francesa a receber o prêmio. E, entre uma centena de homens, o Prêmio Nobel de Literatura foi concedido a dezessete mulheres desde 1901. A primeira delas foi Selma Lagerlöf, em 1909, e a última, este ano, para Annie Ernaux.

Desta vez, a quantia recebida pelos premiados de todas as categorias é de 10 milhões de coroas suecas (na conversão direta atual, cerca de R$ 4,8 milhões).

A escritora é uma das convidadas para a Flip, a Feira Literária Internacional de Paraty, deste ano. Annie deve participar de uma das mesas no dia 26 de novembro.

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