
Os espanhóis saudaram com cautela nesta sexta-feira (21) um comunicado do grupo separatista basco ETA de que tinha encerrado décadas de luta armada, e demonstraram ter confiança que não verão outro cessar-fogo ser quebrado.
O ETA, um grupo clandestino que foi enfraquecido por centenas de prisões e perda de apoio, matou mais de 800 pessoas em sua campanha para conquistar uma pátria basca em áreas do norte da Espanha e sul da França.
"Eu sei que não está tudo dito e feito, mas pelo menos o fim do conflito está muito mais próximo", disse Mabel Acebes, funcionário de uma loja de roupas na cidade basca de Bilbao, à Reuters.
O ETA divulgou um vídeo online na quinta-feira renunciando à violência e pedindo um diálogo com as autoridades espanholas e francesas sobre o fim do maior conflito guerrilheiro da Europa.
A declaração foi uma mudança significativa para o ETA e colocou o grupo bem além do cessar-fogo permanente anunciado em janeiro.
O Partido Socialista da Espanha, que está mal nas pesquisas antes das eleições parlamentares de 20 de novembro, descreveu o anúncio como uma vitória para a democracia.
O Partido Popular (PP), de centro-direita, cuja expectativa ampla é de que domine a votação, exigiu uma prova da sinceridade da guerrilha armada.
Os socialistas estão ansiosos para declarar o fim do ETA enquanto estiverem no governo para marcarem pontos políticos antes da eleição. Mas provavelmente caberá a um novo governo do PP a negociação dos detalhes complicados de um acordo, incluindo, possivelmente, o destino dos esconderijos de armas do ETA.
"O ponto aqui é que agora eles devem entregar suas armas e se submeter à Justiça, lembrando que não lhes devemos nada, eles são os únicos com uma dívida a pagar", disse o porta-voz do PP no parlamento regional basco, Leopoldo Barreda, à Reuters.
O ETA foi formado no final dos anos 1950 durante a ditadura de Francisco Franco, que suprimiu a cultura e a língua bascas.
Com centenas de membros do grupo sendo presos e armas sendo encontradas e confiscadas nos últimos anos, o braço político do ETA lentamente percebeu que a luta violenta pela independência não ia a lugar algum e pressionou os guerrilheiros a convocarem o fim.
Estados Unidos e França saudaram na sexta-feira a decisão do ETA.
"O anúncio de ontem.... traz a perspectiva de um passo histórico rumo à paz, embora haja um longo caminho pela frente para cumprir essa promessa", disse Tommy Vietor, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, em comunicado.



