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O LEGADO DE BENTO XVI

O futuro da Igreja reunido para ouvir o papa

Bento XVI deu sequência às Jornadas Mundiais da Juventude, criadas por João Paulo II, e mostrou que os jovens não são atraídos apenas pelo carisma, mas também pela intelectualidade

Os jovens do mundo já tinham encontro marcado em Colônia (Alemanha), em 2005, quando João Paulo II morreu. A eleição de Bento XVI colocou na balança dois fatores que poderiam influenciar aquela Jornada Mundial da Juventude: por um lado, o evento ocorreria no país natal do novo pontífice, o que poderia atrair mais público; por outro, muitos questionavam se os jovens prestigiariam o introvertido Ratzinger da maneira como se reuniam em torno do carismático Wojtyla. A resposta veio quando 1 milhão de fiéis estiveram presentes na missa final da JMJ de Colônia, contra 850 mil em Toronto (Canadá), última JMJ de João Paulo II, em 2002.

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A experiência das três JMJs de Bento XVI – Colônia, Sydney (Austrália) e Madri (Espanha) – mostrou que o papa alemão também tinha seu apelo. "Bento XVI não é um homem da mídia, mas é muito profundo nas palavras. As pessoas queriam ouvi-lo", avalia o padre Marcelo Gomes, assessor do Setor Juventude da Arquidiocese de Londrina. Além disso, para o padre Alex Cordeiro, assessor do Setor Juventude da Arquidiocese de Curitiba, o evento já ganhou uma vida própria. "Mudam os papas, mas não muda a fé. E as pessoas não deixam de acreditar em Jesus Cristo", analisa. "Ficou claro para a Igreja que a jornada é independente do papa, de quem esteja na liderança. É o jovem sendo Igreja. O jovem não deixou de ficar empolgado, e podemos perceber isso pela peregrinação da Cruz e do ícone de Nossa Senhora", acrescenta.

A JMJ de Madri, em 2011, ficou especialmente marcada pelos protestos contra a visita papal. Vários grupos aproveitaram para criticar a moral sexual da Igreja, e ficaram famosas as imagens de peregrinos rezando diante de manifestantes gritando ou em atitudes de provocação. A maioria dos opositores à visita, no entanto, argumentava que o evento estaria consumindo recursos públicos valiosos em um país que passa por uma grave crise econômica, com o desemprego batendo recordes. No fim, dados da própria prefeitura indicaram que a JMJ tinha acrescentado US$ 200 milhões ao PIB da capital espanhola.

Renúncia não desanima peregrinos

Felipe Michel Leandro, 23 anos, é o organizador de um dos grupos londrinenses que vão à Jornada Mundial da Juventude em julho, no Rio de Janeiro. "Não muda nada. O que muda é conhecer o novo Santo Padre", afirma. O jovem reconhece que paira uma dúvida no ar, até pelo fato de, por enquanto, ninguém saber quem será o sucessor de Bento XVI. "Isso nos deixa curiosos", diz, confirmando a impressão do padre Alex Cordeiro, de Curitiba, para quem nem a morte, nem a renúncia de um papa desestimulam o jovem a viver a experiência da JMJ.

"[A renúncia de Bento XVI] não desestimula, muito pelo contrário: será o primeiro grande encontro com o novo papa", anima-se Otávio Ávila, 23 anos, coordenador de pastoral do Colégio Mãe de Deus e membro da Juventude Masculina de Schoenstatt. Ele está organizando um encontro com 1,5 mil jovens de vários países do mundo nos dias que antecedem a JMJ. O Bote Fé, evento preparatório para a Jornada, realizado em Londrina em 16 e 17 de fevereiro, atraiu cerca de 3,5 mil jovens. "Eu esperava uns 1,5 mil", diz o padre Marcelo Gomes. Ele ainda conta que a procura por caravanas da JMJ cresceu depois do Bote Fé.

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