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Regime comunista

Especialistas alertam no Congresso dos EUA que China espiona o país a partir de bases em Cuba

O ditador da China, Xi Jinping, durante visita a Kuala Lumpur, na Malásia, no último dia 16 (Foto: EFE/EPA/FAZRY ISMAIL/POOL)

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Durante uma audiência no Comitê de Segurança Interna da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, três especialistas em segurança alertaram que o regime comunista da China está espionando o território americano a partir de bases instaladas em Cuba, com apoio do governo de Miguel Díaz-Canel. O alerta foi feito por analistas convidados para detalhar a aliança estratégica entre Pequim e Havana e os riscos diretos à segurança nacional dos EUA.

O diretor do programa para América Latina do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), Ryan Berg, abriu a audiência destacando o risco geopolítico representado pelas instalações de vigilância chinesas a apenas 145 quilômetros da costa da Flórida.

"A apenas noventa milhas da nossa costa, o mais formidável competidor dos Estados Unidos no século XXI — a República Popular da China — encontrou uma maneira de instalar seu arsenal de espionagem, vigilância digital e capacidade de projeção marítima", afirmou Berg.

Segundo ele, foram identificadas quatro bases em Cuba com alta probabilidade de estarem operando como centros de coleta de dados sensíveis para o regime chinês. Três delas — Bejucal, Wajay e Calabazar — ficam nas proximidades de Havana, enquanto a quarta, conhecida como El Salao, está localizada no leste da ilha, próximo a Santiago de Cuba. “Essas instalações não só espionam os Estados Unidos. A China coleta informação omnidirecional, o que significa que outros países do Caribe também estão implicados”, completou.

Na sequência, o analista político do Centro Allison para a Segurança Nacional, Andrés Martínez Fernández, alertou para a crescente presença militar e tecnológica de Pequim em solo cubano e em outros países da região. Ele classificou a parceria entre os dois regimes como “uma grande ameaça para a segurança americana e hemisférica”, afirmando que ela une os “recursos e a tecnologia de Pequim com sua preocupante capacidade para penetrar agências e instituições de segurança dos EUA”.

Martínez Fernández também apontou que o Partido Comunista Chinês vem utilizando suas embaixadas em nações caribenhas como centros de inteligência, e que está implantando sistemas de monitoramento espacial com aplicações militares.

“O controle sobre portos e outras infraestruturas pode até ser utilizado para acelerar o movimento de navios de guerra, recursos militares ou atacar diretamente ativos e cadeias de fornecimento americanos”, advertiu.

O último a prestar depoimento foi Leland Lazarus, diretor do Programa de Segurança Nacional do Instituto Gordon. Ele classificou Cuba como uma “cabeça de praia estratégica” para os interesses de espionagem da China. “O Partido Comunista Chinês está executando um manual de espionagem do século XXI. A infraestrutura portuária, a vigilância espacial e o autoritarismo digital em Havana são o laboratório perfeito para a China”, afirmou.

De acordo com Lazarus, empresas chinesas também estão instalando escâneres aeroportuários e equipamentos de vigilância em pontos estratégicos da ilha, como aeroportos e alfândegas, o que permite acesso privilegiado a dados sensíveis. “Mas o que está acontecendo em Cuba é só um capítulo de uma história muito maior”, disse ele, lembrando que a China sediará em 13 de maio a Cúpula da CELAC com presença confirmada de quase todos os países da América Latina e do Caribe. “É um lembrete de que a China, como estratégia de longo prazo para este hemisfério, se baseia no investimento paciente, no desenvolvimento diplomático e na segurança em constante evolução.”

Os três especialistas reforçaram durante a audiência que os Estados Unidos precisam agir com urgência para conter a influência de Pequim na região. “O espaço também é crucial para a inteligência de sinais, e Cuba é um lugar privilegiado para que a China ataque os Estados Unidos”, concluiu Lazarus, destacando que seu instituto vem monitorando em tempo real a atuação chinesa por meio do Painel de Atividades da China na América Latina, em parceria com a Universidade Internacional da Flórida.

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