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Denúncia

Espionagem leva Peru a denunciar Chile à Interpol

Suposta venda de documentos da Força Aérea peruana eleva tensão entre países vizinhos, que já dura mais de um século

Entenda o conflito marítimos entre os dois países |
Entenda o conflito marítimos entre os dois países (Foto: )

Lima - O atual conflito entre Peru e Chile sobre um suposto caso de espionagem deve chegar a instâncias internacionais, após go­­verno e Congresso peruanos anunciarem denúncias à In­­terpol (polícia internacional), à União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e à Organização de Es­­tados Americanos (OEA).

O episódio veio à tona na se­­mana passada, após a Justiça do Peru abrir processo contra o técnico da Força Aérea Peruana (FAP) Victor Ariza Mendoza, preso no último dia 30 acusado de vender a militares chilenos dados sobre o sistema de defesa peruano.

Além de o Legislativo de Lima ter aprovado declaração que repudia a suposta espionagem e denuncia a "política armamentista’’ do Chile, a ser enviada aos órgãos regionais OEA e Unasul, o governo Alan García informou que pedirá à Interpol que investigue os documentos descobertos com Mendoza.

Ouvido pelo Ministério Públi­­co peruano, Mendoza confessou ter sido cooptado por supostos militares chilenos em 2002, quando trabalhava na Embai­­xada do Peru em Santiago. Entre os documentos repassados ao Chile, citou o plano estratégico da FAP até 2021.

Ontem, em nota lida por seu advogado, Mendoza, preso em unidade de segurança máxima, se disse arrependido. "Peço desculpas a minha família, ao meu país e ao presidente.’’

O incidente elevou a tensão diplomática entre os países e motivou discussão entre os presidentes. García, embora tenha evitado acusar diretamente o governo chileno, afirmou que o caso é "próprio de republiqueta’’, o que foi classificado como "ofensivo’’ pela mandatária chilena, Michelle Bachelet.

A política de defesa do Chile é vista com desconfiança por Lima – os gastos chilenos na área al­­cançaram 3,7% do PIB em 2008, contra 1,5% do Peru.

Demanda em Haia

A suposta espionagem é mais um capítulo na história de rusgas diplomáticas e verbais entre os países, que se enfrentaram na Guerra do Pacífico (1879-1884), em que o Peru perdeu parte do território. O conflito é a origem da ação movida por Lima na Corte Internacional de Justiça de Haia para questionar as fronteiras marítimas entre os países.

Ontem, o número 2 da Chan­­celaria chilena, Alberto van Kla­­veren, renunciou ao cargo para se dedicar exclusivamente à disputa jurídica. O governo García fez a petição em Haia em 2008, e o governo Bachelet tem até março para entregar a defesa. Para o Chile, não há fundamento no questionamento, já que as divisas marítimas foram definidas em tratado nos anos 50. Para o Peru, o acordo versou só sobre regras de pesca na região, não so­­bre território.

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