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ONU pede tratamento humanitário para piloto capturado na Síria

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, apelou aos membros do Estado Islâmico que capturaram um piloto da Jordânia no nordeste da Síria que ele fosse tratado de forma humana, segundo o seu porta-voz. "Ele (Ban) pede que os sequestradores tratem o piloto de acordo com os tratados de leis humanitárias", disse o porta-voz da ONU Stephane Dujarric.

Ele disse a repórteres que Ban também estava muito preocupado com a violência contínua, inclusive com o "uso de bombas de barril em áreas populosas". Dujarric pontuou que o uso indiscrimando dessa arma viola os tratados internacionais.

No primeiro caso envolvendo um avião da coalizão liderada pelos Estados Unidos, a Jordânia confirmou nesta quarta-feira (24) que um dos seus pilotos foi capturado pelo Estado Islâmico na Síria. O grupo, que conquistou vastas extensões de terra no país e no Iraque, divulgou fotos do refém, afirmando que o avião foi abatido por um míssil guiado por calor ao sobrevoar a cidade de Raqqa. O pai do tenente confirmou que o avião do filho, que é piloto há seis anos, caiu na Síria.

Fotos mostravam um homem de camisa branca identificado como o tenente Moaz Youssef al-Kasasbeh cercado por extremistas armados, além de exibirem sua carteira militar. Em outras imagens, ele aparecia sendo retirado de um rio e com a boca sangrando. "Que Alá leve a misericórdia aos seus corações e vocês soltem o meu filho", disse o pai em um apelo aos membros do Estado Islâmico.

Armas

A Jordânia é um dos países árabes que participam das ações aéreas contra o EI, mas esta é a primeira vez que a coalizão perde uma de suas aeronaves desde que os ataques começaram em setembro. Arábia Saudita, Qatar, Bahrein e Emirados Árabes Unidos também apoiam os bombardeios, segundo o Comando Central americano. "A Jordânia responsabiliza o grupo e seus simpatizantes pela segurança do piloto e sua vida", disse um comunicado das Forças Armadas do país, sem explicar se o avião foi abatido ou se teve algum problema técnico.

A província de Raqqa, na fronteira com a Turquia, está quase inteiramente sob controle do Estado Islâmico, que fez da cidade de mesmo nome a sua capital. Reforçados com as armas apreendidas no Iraque, o grupo conseguiu expulsar a maioria das facções rivais da região no início do ano e tomou o controle de bases militares do governo sírio, incluindo uma base aérea.

O uso de um míssil capaz de abater um avião representaria um avanço preocupante para a coalizão, formada ainda por Reino Unido, Austrália, Bélgica, Canadá, Dinamarca, França e Holanda — e pode desestimular a participação dos países árabes.

Segundo especialistas, o EI tem uma capacidade de defesa aérea limitada, mas já derrubou algumas aeronaves dos governos iraquiano e sírio no passado. Não se sabe se seus membros teriam condições de operar um sistema mais sofisticado, como mísseis guiados por calor.

Desde setembro, a coalizão liderada pelos Estados Unidos vem bombardeando alvos do grupo. Até agora, pelo menos 1.171 pessoas, a maioria militantes do EI, foram mortas somente na Síria — outros 52 civis foram atingidos. Até 15 de dezembro, os EUA realizaram 488 ataques aéreos no país.

A guerra civil síria traz ainda outras vítimas. Um relatório publicado na terça-feira indica que 290 locais de patrimônio cultural foram danificados ou destruídos. De acordo com o Instituto das Nações Unidas para Formação e Pesquisa (Unitar), 24 sítios arqueológicos foram completamente destruídos, 104 severamente danificados, 85 sofreram danos moderados e 77 podem ter sofrido algum tipo de deterioração com a guerra, que assola o país há quase três anos e já deixou 200 mil mortos, segundo a ONU.

Pentágono nega que Estado Islâmico tenha derrubado um avião da Jordânia

O Pentágono negou nesta quarta-feira que o Estado Islâmico (EI) tenha derrubado um avião da Jordânia na cidade síria de Al Raqqah, como garante o grupo jihadista, que capturou o piloto. "As evidências indicam claramente que o EI não derrubou o avião como a organização terrorista está reivindicando", indicou o Comando Central dos Estados Unidos em comunicado.

O comandante do Comando Central, o general Lloyd Austin, que supervisiona as operações militares da coalizão internacional que está lutando contra o EI no Iraque e Síria, lamentou a captura do piloto e respaldou as ações para resgatá-lo. "Apoiaremos os esforços para garantir seu retorno são e salvo", declarou em comunicado, no qual ressaltou que "não toleraremos as tentativas do EI de falsificar ou explorar este acidente lamentável de um avião para seus próprios fins".

Lloyd destacou que a Jordânia é um aliado "muito respeitado" e seus militares e pilotos estão realizando um "excelente" trabalho na campanha internacional contra o EI, na qual participam 60 países. "Condenamos nos termos mais enérgicos que o EI tenha capturado o piloto caído", concluiu.

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