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Extremismo

Por que o Estado Islâmico escolheu a Rússia como alvo de ataque terrorista?

Uma imagem retirada de um vídeo disponibilizado pelo Ministério de Situações de Emergência da Rússia mostra equipes de resgate limpando os escombros e apagando o incêndio no Crocus City Hall, após ataque a tiros reivindicado pelo Estado Islâmico. (Foto: EFE)

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O ataque terrorista que deixou mais de uma centena de mortos em Moscou, na última sexta-feira (22), foi reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico.

Os terroristas divulgaram neste sábado (23) uma imagem dos quatro supostos autores do ataque.

A divulgação foi feira pela agência "Amaq", o principal canal de propaganda do grupo jihadista no Telegram. A foto mostra quatro pessoas com metade do rosto coberto e gorros em frente a uma grande bandeira do Estado Islâmico.

De acordo com a agência, três desses supostos terroristas "começaram a atirar contra a multidão" na casa de espetáculos Crocus City Hall, enquanto o quarto incendiou as instalações "usando bombas que haviam sido preparadas com antecedência para esse fim".

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Os motivos do EI

No mesmo comunicado da agência “Amaq”, os terroristas não falam detalhadamente sobre os motivos de o alvo escolhido para o ataque ter sido a Rússia.

O grupo afirma, no entanto, que o atentado foi realizado "no contexto normal de guerra entre o Estado Islâmico e os países que lutam contra o islã".

O ataque em Moscou teria sido realizado por integrantes do “Estado Islâmico-K”, um braço do grupo que atua no Afeganistão e em outros países da região.

Avisos ignorados por Moscou

A Embaixada dos Estados Unidos na Rússia havia emitido, no início do mês, um alerta sobre a possibilidade de atentados “extremistas” serem realizados em Moscou.

Uma reportagem publicada no site da emissora norte-americana CNN neste sábado (23) destaca que o líder russo Vladimir Putin chegou a classificar os alertas americanos como “provocativos”, dizendo que “estas ações se assemelham à chantagem aberta e à intenção de intimidar e desestabilizar a nossa sociedade”.

Horas depois do ataque da sexta-feira, a porta-voz do Conselho de Segurança da Casa Branca, Adrienne Watson, afirmou que os Estados Unidos tinham alertado o governo russo para a possibilidade de um "ataque terrorista".

Integrantes do EI mortos e presos recentemente na Rússia

A mesma reportagem da CNN lista uma série de ocasiões recentes em que houve problemas relacionados a integrantes do grupo Estado Islâmico na Rússia.

A agência estatal russa “RIA Novosti” noticiou, em 3 de março, que seis membros do EI foram mortos em uma operação antiterrorista em Ingush Karabulak, na região da Inguchétia.

Já em 7 de março, a agência afirmou que os serviços de segurança tinham descoberto e “neutralizado” uma célula do Estado Islâmico na região de Kaluga, cujos membros planejavam um ataque a uma sinagoga em Moscou.

Outro caso aconteceu em 20 de março, quando houve a informação de que o comandante de um grupo de combate do EI havia sido detido no país.

Por que a Rússia?

Segundo a CNN, duas fontes familiarizadas com as informações norte-americanas disseram que desde novembro tem havido um “fluxo constante de informações” de que o Estado Islâmico-K estava determinado a atacar a Rússia.

Além de todas as situações recentes envolvendo integrantes do EI, a Rússia virou uma espécie de adversária dos terroristas do grupo na Síria.

Isso porque Moscou apoia o presidente sírio Bashar al-Assad, que também travou uma guerra contra o Estado Islâmico no país.

O grupo terrorista “vê a Rússia como cúmplice de atividades que oprimem regularmente os muçulmanos”, segundo disse Michael Kugelman, diretor do South Asia Institute, do Wilson Center, com sede em Washington, à agência Reuters.

Ele ainda acrescentou que o grupo também conta com vários militantes na Ásia Central, que têm as suas próprias queixas contra Moscou.

A mesma reportagem da Reuters destaca que alguns especialistas dizem que o grupo Estado Islâmico-K já vem se opondo constantemente ao presidente russo, Vladimir Putin, nos últimos anos.

“O Estado Islâmico-K tem uma fixação pela Rússia nos últimos dois anos, criticando frequentemente Putin na sua propaganda”, disse à agência Colin Clarke, diretor de pesquisa do Soufan Center, um grupo de investigação com sede em Nova York.

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