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Tensão na Venezuela

Estudantes detidos na Venezuela denunciam ter apanhado na prisão

Segundo a ONG Foro Penal, a detenção por soldados da Guarda Nacional foi seguida por horas de espancamentos

Jovens fazem mais um protesto nesta segunda-feira (17) pedindo respeito à liberdade de expressão | EFE/Santi Donaire
Jovens fazem mais um protesto nesta segunda-feira (17) pedindo respeito à liberdade de expressão (Foto: EFE/Santi Donaire)

Eles deixaram a sede do Destacamento de Segurança Urbana da Guarda Nacional, em Carabobo, com hematomas, feridas no couro cabeludo, cortes e lacerações em quase todo o corpo. Foi a primeira imagem dos 11 detidos na quinta-feira à noite por participar de protestos estudantis, na semana passada, na Venezuela. Com idades entre 18 e 25 anos, os jovens foram presos em três pontos do distrito de Valencia e segundo documentos policiais, carregavam garrafas para fabricar coquetel molotov.

Assista ao vídeo da convocação oposicionista para nova manifestação (em espanhol)

Segundo a ONG Foro Penal, a detenção por soldados da Guarda Nacional foi seguida por horas de espancamentos, que culminaram no domingo de manhã , quando foram apresentados ao tribunal. De acordo com a advogada Mayela Fonseca, os jovens relataram os abusos sofridos diante da juíza María Teresa Camarasa.

"Eles foram torturados sistematicamente dentro das instalações do Desur. Foram jogados no chão, e ficaram apenas com a roupa de baixo por mais de seis horas. Eles foram obrigados a se limpar com trapos cheios de gasolina e os ameaçaram com gritos. Um deles teve a cabeça machucada e outro teve traumas nos vasos sanguíneos dos olhos", relata a advogada.

Eles foram acusados pelos crimes de dano à propriedade privada e pública, obstrução da via e conspiração e terrorismo. Aos seis mais velhos do grupo, que são trabalhadores, foi emitida uma prisão domiciliar. Os estudantes foram advertidos com uma medida de apresentação a cada 30 dias e ficaram proibidos de participar de protestos ou deixar o país. A defesa, por sua vez, pediu que quatro menores passem por exames médicos em uma clínica para apoiar uma queixa de tortura contra policiais.

Até a tarde de domingo, a ONG confirmou 153 prisões em todo o país, a maioria em Caracas, Lara, Carabobo e Aragua.

"A falta de comunicação entre os presos e seus familiares continua sendo uma prática clara de violação dos direitos humanos", denunciou Alfredo Romero, diretor do Foro Penal.

Durante quase duas semanas, milhares de estudantes de todo o país têm protestado nas ruas contra a insegurança, a inflação, a falta de produtos básicos e a detenção de estudantes. Mas desde quarta-feira, os protestos ficaram mais violentos. No domingo à noite, grupos de manifestantes atacaram com pedras a sede do canal de televisão estatal VTV, de acordo com o presidente Nicolás Maduro. O governo venezuelano afirma que as manifestações são parte de um "golpe de estado fascista em marcha" e acusa grupos de ultradireita.

Também no domingo, uma nova crise entre Venezuela e Estados Unidos explodiu depois que Maduro ordenou a expulsão de três funcionários consulares não identificados, acusados de participação em reuniões com universitários, ao mesmo tempo que prosseguem os protestos de estudantes.

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