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A Etiópia anunciou nesta sexta-feira (28) que retirará suas tropas da Somália até o fim deste ano. Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores etíope, Wahide Bellay, disse que a União Africana (UA) e a Organização das Nações Unidas (ONU) já foram notificadas sobre a decisão.

Bellay confirmou a informação por telefone, falando da capital etíope, Adis-Abeba. Numa decisão bastante impopular, a Etiópia enviou as tropas no fim de 2006 para apoiar o frágil governo de transição apoiado pela ONU em meio a uma insurgência islâmica.

Na época do envio de tropas, os islamitas dominavam a capital e boa parte do sul somali. Bellay instou a comunidade internacional a enviar tropas de paz à Somália, mas disse que a Etiópia não irá esperar que elas cheguem.

As tropas etíopes foram inicialmente bem sucedidas, mas os rebeldes reagiram com uma insurgência no estilo da ocorrida no Iraque e agora dominam a maior parte do sul e do centro da Somália. O governo controla Mogadiscio e Baidoa.

"A despeito do que ocorrer, nós decidimos retirar nossas tropas da Somália até o final do ano", disse Bellay.

O presidente da Somália, Abdullahi Yusuf, pediu que uma força de paz da ONU substitua uma pequena força da União Africana (UA), que em grande parte ficou confinada à capital por causa da violência. O contingente da UA, com 2,6 mil soldados, têm tido dificuldades para manter a missão de paz em Mogadiscio.

O Conselho de Segurança da ONU respondeu que, se o governo da Somália conseguir melhorar a segurança e fazer esforços para a reconciliação política, irá considerar o envio de uma força de paz para substituir os 2,6 mil soldados da UA.

Rashid Abdi, um analista somali no 'think tank' Crisis Group, disse que os etíopes podem ter decidido fechar a própria fronteira com a Somália, concentrando tropas terrestres e aviação no local. "Eles poderão continuar a realizar incursões militares, a partir de bases na fronteira", ele disse.

O governo de transição da Somália foi formado em 2004, mas logo depois perdeu o controle da capital, Mogadiscio, e de grande parte do sul do país para os insurgentes islâmicos. Em dezembro de 2006, o governo pediu a ajuda da Etiópia para retomar o controle de Mogadiscio e do sul do país. A Etiópia enviou milhares de soldados, mas a insurgência permaneceu uma ameaça ao governo de Yusuf. Os rebeldes retomaram grande parte do sul do país e atualmente estão nas vizinhanças de Mogadiscio.

A crise humanitária na Somália agravou-se com a alta dos preços dos alimentos em 2008.

A Etiópia, que virou uma potência regional nos últimos anos com apoio dos Estados Unidos, recebeu tropas especiais do Pentágono em 2006. No início de 2007, os EUA conduziram várias operações de ataque aéreo em uma tentativa de assassinar supostos integrantes da Al-Qaeda na Somália.

Tradicionalmente, a Etiópia, país cuja maioria da população é cristã copta, é rival da Somália, cuja população é islâmica. As informações são da Associated Press.

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