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A embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, durante um encontro no Equador em março deste ano.
A embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, durante um encontro no Equador em março deste ano.| Foto: EFE/José Jácome

A Rússia cometeu "outro ato de crueldade" ao suspender nesta segunda-feira (17) os acordos do Mar Negro que permitiam a exportação de grãos ucranianos e com isso desferiu "mais um golpe nos mais vulneráveis ​​do mundo", disse a embaixadora dos Estados Unidos na Organização das Nações Unidas (ONU), Linda Thomas-Greenfield.

A embaixadora disse que os acordos do Mar Negro trouxeram estabilidade aos preços dos alimentos em um mundo onde 345 milhões de pessoas vivem com altos níveis de insegurança alimentar, número que cresceu com "a guerra brutal contra a Ucrânia", destacou Thomas-Greenfield em breves declarações antes de entrar no Conselho de Segurança.

“É o que acontece quando um país decide tomar como refém toda a humanidade”, criticou a embaixadora americana, instando a comunidade internacional a obrigar a Rússia a reverter sua decisão, retomar as negociações e ampliar o alcance dos acordos.

"Enquanto a Rússia se dedica a jogos políticos, as pessoas de verdade sofrem", lamentou.

Com a mediação da Turquia e da ONU, Ucrânia e Rússia concordaram há um ano com uma série de medidas para garantir a segurança dos navios que transportam grãos ucranianos para os mercados internacionais, um pacto conhecido como "Iniciativa do Mar Negro" e que expirou nesta segunda.

A Rússia decidiu suspendê-lo sob a alegação de que as sanções que sofre devido à sua agressão contra a Ucrânia impedem o cumprimento da parte do acordo que também deve garantir as exportações russas de alimentos e fertilizantes.

"Na prática, os acordos do Mar Negro expiraram hoje. Infelizmente, a parte do acordo do Mar Negro que se refere à Rússia não foi cumprida. Portanto, [o acordo] perde sua vigência", disse hoje o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

Por outro lado, o porta-voz assegurou que, "assim que for cumprida a parte russa", seu país "voltará a implementar imediatamente este acordo".

Guterres afirma que suspensão do acordo de dois anos é "um golpe para quem precisa"

Ainda nesta segunda, o secretário-geral da ONU, António Guterres, lamentou a decisão da Rússia de abandonar os acordos do Mar Negro. De acordo com ele, a suspenção das exportações de cereais ucranianos “será um golpe para os necessitados em todos os lugares”.

Em declarações aos jornalistas na sede das Nações Unidas, Guterres lembrou que nos últimos dias tinha escrito ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, propostas para manter viva a iniciativa e ficou "profundamente desapontado" por ter sido ignorado.

"Em última análise, participar dos acordos é uma escolha, mas as pessoas que passam por dificuldades em todas as partes e nos países em desenvolvimento não têm escolha. Centenas de milhares de pessoas enfrentam o medo e os consumidores enfrentam uma crise global de custos da vida. Eles [que] vão pagar o preço", lamentou.

O secretário-geral das Nações Unidas garantiu ainda que, apesar da decisão do Kremlin, a organização vai continuar os seus esforços para “facilitar ou ter acesso sem impedimentos aos mercados globais de produtos e fertilizantes tanto da Ucrânia como da Federação Russa”.

“O nosso objetivo deve continuar a ser melhorar a segurança alimentar global e a estabilidade de preços”, explicou Guterres, sublinhando que continuará a procurar soluções.

Guterres citou ainda algumas partes de sua recente carta a Putin destacando os altos níveis de vendas de grãos russos que foram alcançados na estabilização observada dos mercados de fertilizantes, com as exportações "se aproximando da recuperação total".

Ele também disse que a ONU ajudou os Estados Unidos, o Reino Unido e a União Europeia (UE) a esclarecer ou modificar suas sanções para facilitar as exportações agrícolas russas, que não são afetadas por essas sanções, mas são indiretamente afetadas.

Guterres destacou ainda que foi criado um canal de pagamento específico para o banco agrícola russo, Rosseljozbank, para o SWIFT e que – por insistência da Rússia – foi recentemente apresentada uma proposta para permitir que uma subsidiária do banco recupere ou aceda a este sistema de transações financeiras.

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