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No sinal mais recente da deterioração das relações entre a Rússia e os Estados Unidos, os russos acusaram os norte-americanos nesta segunda-feira (29) de minarem as negociações a respeito de um novo pacto para a redução de seus arsenais de armas nucleares.

"As negociações entre nós e os EUA, para garantir a existência de algum regime de controle de armas estratégicas depois de expirar o tratado Start I, em dezembro de 2009, por enquanto, caminham para lugar nenhum", disse o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov.

O Tratado para a Redução de Armas Estratégicas (Start I), assinado pelos EUA e pela União Soviética em 1991, fez com que a quantidade de armas nucleares existente então diminuísse em 80 por cento, segundo estimativas.

Em declarações dadas durante o debate aberto realizado anualmente na Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que termina nesta segunda-feira, Lavrov disse que o motivo pelo qual as negociações estavam paralisadas era que "nossos colegas norte-americanos não desejam manter os limites sobre os veículos de dispersão (os mísseis) e sobre o número de ogivas nucleares armazenadas".

"Eles desejam apenas manter alguns limites sobre as ogivas nucleares estacionadas operacionalmente", afirmou a repórteres.

Os signatários do Start I podem manter armazenadas não mais que 6.000 ogivas nucleares além de um número específico de mísseis balísticos intercontinentais, mísseis lançados por submarinos e bombardeiros.

A acusação feita por Lavrov surge no momento em que as relações entre os EUA e a Rússia tornam-se cada vez mais problemáticas. No mês passado, os russos invadiram a Geórgia, desagradando aos norte-americanos.

As forças russas rechaçaram uma tentativa georgiana de retomar o controle sobre a região separatista da Ossétia do Sul, depois declarada independente da Geórgia. Apenas a Rússia e a Nicarágua reconheceram, por enquanto, a independência desses dois territórios.

O chanceler russo criticou ainda o Ocidente por armar a Geórgia, uma ex-República Soviética que, segundo declarações de Lavrov proferidas na semana passada, encontra-se sobre uma área geográfica na qual o governo russo possui "interesses especiais".

Os EUA e outras potências ocidentais entregaram uma grande quantidade de armas ao governo georgiano, "incluindo por meio de operações secretas", acusou o chanceler. Segundo Lavrov, essas operações violaram leis da União Européia (UE) e acordos selados dentro da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE).

As relações da Rússia com a Geórgia são tensas há anos, em parte porque o atual presidente georgiano, Mikheil Saakashvili, pró-Ocidente, deseja colocar seu país dentro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). A Rússia acredita que a aliança militar ocidental está invadindo sua esfera de influência.

Lavrov disse que a expansão rumo a leste da Otan, que hoje inclui membros do extinto Pacto de Varsóvia e países antes pertencentes à União Soviética, fez com que a aliança se transformasse no principal fórum mundial para questões de segurança.

"Essa centralidade da Otan contradiz todos os comprometimentos assumidos pelos países presentes no espaço da OSCE. Entre os quais, o compromisso de não aumentar sua segurança prejudicando a segurança de terceiros", disse.

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