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Em visita a Israel, John Bolton (E) disse que certos objetivos devem ser alcançados antes que uma retirada ocorra. Ao seu lado, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu | ODED BALILTY/AFP
Em visita a Israel, John Bolton (E) disse que certos objetivos devem ser alcançados antes que uma retirada ocorra. Ao seu lado, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu| Foto: ODED BALILTY/AFP

O conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, John Bolton, expôs neste domingo (6) condições para a saída das tropas americanas da Síria que aparentemente contradizem a insistência do presidente Donald Trump de que a retirada seria imediata e sem condições.

Falando durante uma visita a Israel, Bolton disse que certos "objetivos" devem ser alcançados antes que uma retirada ocorra. "O calendário flui das decisões políticas que precisamos implementar." 

Bolton reconheceu que existem áreas na Síria onde o Estado Islâmico permanece invicto e que uma rápida retirada dos EUA poderia colocar em perigo os parceiros e aliados dos EUA na região, bem como as próprias forças dos EUA. 

No domingo, Trump, que declarou batalha vencida contra os militantes extremistas e há apenas duas semanas disse que recusou pedidos militares por mais tempo, disse que continua comprometido com a retirada, mas falou aos repórteres: que “nunca disse que faríamos isso rapidamente". 

Entre as decisões políticas ainda a serem tomadas está o que fazer com as dezenas de milhares de combatentes curdos sírios que as forças norte-americanas treinaram, armaram e aconselharam para levar adiante a guerra contra o Estado Islâmico. A Turquia, aliada da Otan, considera-os terroristas e prometeu expulsá-los do nordeste da Síria assim que os americanos forem embora. 

"Também é muito importante que, ao discutirmos com os membros da coalizão (e) outros países que têm interesse, como Israel e Turquia, esperamos que aqueles que lutaram conosco na Síria... particularmente os curdos" não corram perigo devido à retirada, disse Bolton, que planeja viajar terça-feira para Ancara. 

Trump expressou confiança de que a Turquia, que controla sua própria força dentro da Síria, contrária aos curdos e ao presidente Bashar al-Assad, seja capaz de retomar a luta contra o Estado Islâmico, mas os funcionários do Pentágono e do Departamento de Estado dos EUA questionam as prioridades e capacidades turcas. 

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Autoridades turcas também disseram que querem que os EUA forneçam apoio aéreo e logístico para suas operações na Síria. 

Bolton e o secretário de Estado Mike Pompeo declararam repetidamente nos últimos meses que frear as forças iranianas na Síria também era um objetivo para os Estados Unidos e Israel. Mas Trump pareceu indicar, neste domingo, que Irã e Rússia, cujas forças na Síria apoiam Assad, eram potenciais aliados dos EUA contra o Estado Islâmico.  

"O Irã odeia o Estado Islâmico mais do que nós, se é que isso é possível", afirmou o presidente. "A Rússia odeia o Estado Islâmico mais do que nós. A Turquia odeia o Estado Islâmico, talvez não tanto quanto nós, mas esses são países que odeiam o Estado Islâmico, e eles também podem encampar um pouco desta luta em sua vizinhança porque estamos lutando contra eles em sua vizinhança". 

"Com isso dito, estamos saindo da Síria, mas não sairemos definitivamente até que o Estado Islâmico tenha ido embora", disse Trump. 

Notícias falsas

Relatos de que as tropas americanas estavam deixando a Síria, segundo um alto funcionário do governo, eram "notícias falsas" e que não havia um cronograma de partida da Síria. O funcionário falou sob condição de anonimato. 

Planos e garantias oferecidas por Bolton em Israel foram uma confirmação adicional de que os planos de retirada estão suspensos até que as condições em solo coincidam com a avaliação do presidente sobre a situação na Síria. 

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Em uma coletiva de imprensa com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, Bolton disse que "a defesa de Israel e outros amigos na região está absolutamente assegurada", que os curdos e outros seriam protegidos e que a administração "garantiria que o Estado Islâmico fosse derrotado e não fosse capaz de se recuperar e de se tornar uma ameaça novamente".

Pompeo também está indo para o Oriente Médio nesta semana para garantir aos aliados árabes que os Estados Unidos não os abandonarão. 

O anúncio da retirada 

O presidente dos EUA anunciou, por meio de sua conta do Twitter em 19 de dezembro, que ordenaria a retirada dos 2.000 soldados americanos que estão na Síria. "Nossos meninos, nossas jovens mulheres, nossos homens, todos estão voltando e estão voltando agora. Nós vencemos", disse Trump. Sarah Sanders, porta-voz da Casa Branca, acrescentou que "começamos a trazer as tropas dos Estados Unidos para casa". 

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Em 23 de dezembro, após o secretário de Defesa Jim Mattis renunciar em protesto à decisão de retirada, Trump tuitou que havia discutido com o presidente turco Recep Tayyip Erdogan o que chamou de "lenta e coordenada retirada (dos EUA)" da Síria . 

Durante uma visita de Natal às tropas no Iraque, Trump disse que negaria qualquer pedido dos militares para prolongar a missão na Síria. "Eles disseram novamente: 'podemos ter mais tempo?'", Trump falou, citando generais dos EUA. "Eu disse: ‘Não. Vocês não podem ter mais tempo. Vocês tiveram tempo suficiente’. Nós os derrotamos", concluiu, referindo-se ao Estado Islâmico.

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