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Ao mesmo tempo em que pretendem atuar em parceria com o Brasil nas negociações globais sobre mudança do clima, os Estados Unidos já deixaram em Brasília um sinal claro de que não apresentarão nenhuma oferta adicional de corte de suas emissões de gases do efeito estufa. A perspectiva de sucesso da 16ª Conferência do Clima (COP-16), no final deste ano no México, dependeria, em grande medida, desse movimento de Washington.

"Os EUA têm de se mover conforme a sua lei (ambiental). O presidente (Barack Obama) não pode propor algo que não possa, depois, levar adiante", afirmou a subsecretária de Estado para a Democracia e Assuntos Globais, María Otero.

Nascida em La Paz, Bolívia, e nomeada em agosto do ano passado para o posto, María Otero falou nesta segunda-feira (29) sobre a possibilidade de parceria Brasil-EUA nessa área com a subsecretária de Assuntos Políticos do Itamaraty, Vera Machado, e com o principal negociador brasileiro na área de mudança climática, embaixador Luiz Alberto Figueiredo. À reportagem, María repetiu as máximas de Obama, diante do acordo pífio fechado na COP-15, em Copenhague (Dinamarca), em dezembro passado.

Ela insistiu que o documento de Copenhague foi apenas um rascunho de acordo, que continuará em discussão, e que há "intenção dos EUA de seguir adiante em longo prazo" em um pacote mais amplo, que envolveria também incentivos às energias renováveis e à maior eficiência no uso energético. Deixou claro, também, que a criação de um mecanismo de verificação das ações ambientais de países em desenvolvimento - proposta americana que desencadeou o fracasso da COP-15 - continuará sobre a mesa.

"Os EUA estão entre os países que têm de assumir responsabilidades, não há dúvidas", afirmou, para logo argumentar que o porcentual de corte de emissões de gases não é um sinal.

Como primeiro passo, a Casa Branca espera trabalhar com o Brasil como aliado na Parceria das Américas para a Energia e Mudanças Climáticas (ECPA), fórum que se reunirá no próximo mês na capital americana. Da mesma forma, pretende atuar em sintonia com o governo brasileiro durante os debates sobre mudança do clima que se darão na Cúpula do G-8, em junho, no Canadá.

Além do meio ambiente, María Otero tem a expectativa de desenvolver a cooperação EUA-Brasil em países africanos nos campos da inclusão social, da eliminação de discriminações e de redução da desigualdade. No campo da Democracia e dos Direitos Humanos, entretanto, a perspectiva de cooperação respeitosa mostra-se mais difícil, em função do choque de visões entre os dois países sobre a crise de Honduras, o governo bolivariano da Venezuela e o regime cubano. Ainda assim, os EUA esperam trabalhar com o Brasil para a "manutenção" da Carta Democrática Interamericana, um dos principais instrumentos políticos da Organização dos Estados Americanos (OEA).

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