
Washington - A Marinha americana resgatou ontem o capitão Richard Phillips, comandante de navio mercante mantido refém desde a última quarta-feira por piratas somalis em um barco salva-vidas, e matou três dos seus captores. Um dos criminosos, que negociava o resgate a bordo do destróier USS Bainbridge no momento da ofensiva, foi preso.
A libertação de Phillips, 53 anos, mobilizou aparato de guerra e envolveu uma delicada negociação, acompanhada atentamente pela população dos EUA. Visto como herói no país, o comandante veterano se ofereceu como refém para poupar os 19 homens sob seu comando, segundo porta-vozes da Marinha americana.
A coragem de Phillips é um modelo para os americanos, afirmou o presidente Barack Obama. "Compartilho da admiração do país pela valentia do capitão Phillips e pela preocupação desinteressada pela sua tripulação, disse Obama em comunicado.
Atacado a cerca de 450 km da costa somali, o cargueiro Maersk Alabama foi o primeiro navio de bandeira americana tomado por piratas em dois séculos um rebocador italiano, pertencente a uma companhia dos Estados Unidos, foi sequestrado em águas somalis, as mais perigosas para o comércio internacional.
A tripulação do Maersk Alabama reagiu e conseguiu retomar o controle da embarcação, comandada por Phillips, mas o capitão foi levado como refém.
Navegando em alto mar em um bote salva-vidas, o bando foi cercado pela gigantesca operação deflagrada pelo Departamento da Defesa dos EUA. O cerco impediu a aproximação de dois navios piratas em auxílio aos criminosos protegidos pela presença de reféns, eles recuaram diante do ostensivo aparato militar.
O capitão lançou-se ao mar na madrugada de sexta-feira e tentou escapar a nado, segundo o Departamento da Defesa dos Estados Unidos, mas foi recapturado antes que os navios que acompanhavam à distância o bando chegassem em seu auxílio.
Carregado com contêineres do programa de alimentos da ONU e de outras organizações humanitárias, o navio seguia para o porto de Mombaça, no Quênia, principal entreposto de destruição de auxílio internacional da região.
O Departamento da Justiça americano estuda a possibilidade de abrir processo criminal nos EUA contra o pirata somali capturado. Sem governo central efetivo desde 1991, a Somália não conta com sistema penal operante. Casos anteriores contra somalis presos por Marinhas estrangeiras foram levados a julgamento no Quênia.
Logo após o resgate, Obama anunciou que os EUA vão reforçar o combate à pirataria na costa da Somália. "Estamos decididos a deter o aumento da pirataria nessa região", frisou Obama.
Ofensivas estrangeiras por terra e ar contra os piratas da Somália são permitidas por resolução do Conselho de Segurança da ONU, aprovada por unanimidade em dezembro.



