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A União Europeia (UE) foi uma das partes mais atingidas pelas novas tarifas do governo de Donald Trump, anunciadas nesta semana, com cobranças de 20% sobre suas exportações.
Como reação imediata, o bloco afirmou que tem a intenção de responder duramente à medida. Um dos setores que podem ser afetados é o de tecnologia, tendo as big techs americanas como alvo.
"Sei que muitos de vocês estão decepcionados com nosso aliado mais antigo [...] As consequências do que foi anunciado serão desastrosas para milhões de pessoas ao redor do mundo. Estamos prontos para responder e defender nosso povo. Também estamos abertos a negociar soluções menos prejudiciais", disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, após o anúncio da nova política comercial dos EUA.
Uma lista completa da resposta europeia será anunciada em 12 de abril, segundo antecipou o bloco. Por enquanto, os países da UE têm estudado diferentes formas de punir Washington, e o setor de tecnologia surge como uma das principais frentes afetadas nessa batalha, em um momento marcado pelo desenvolvimento de novas ferramentas de Inteligência Artificial (IA), por exemplo.
Algumas das alternativas para responder às tarifas de Trump envolvem a cobrança de impostos e restrição de serviços digitais dentro do território europeu. Hoje, cerca de um terço das importações europeias é formado pelo fornecimento de serviços americanos, segundo informações da própria Comissão.
Musk no alvo
O uso de punição contra as big techs não seria uma novidade. A Europa já vem pressionando o Vale do Silício em busca de mais restrições no espaço digital, principalmente nas redes sociais.
O bloco abriu uma série de investigações nos últimos anos contra o Google, o X, de Elon Musk, a Meta, de Mark Zuckerberg, o TikTok e outras plataformas sobre a coleta de informações dos usuários europeus, por supostas violações da Lei de Mercados Digitais (DMA).
O principal alvo da Europa, no momento, pode ser Musk, que tem atuado lado a lado com o presidente Donald Trump. Fontes consultadas pelo jornal The New York Times afirmaram que a UE está preparando grandes penalidades contra a rede social X, por uma suposta violação de uma lei para combater conteúdo ilícito e desinformação no continente.
De acordo com o Times, essas punições podem incluir multa e exigências de mudanças na plataforma, que tem usado a defesa da liberdade como sua prioridade.
A empresa de Musk divulgou uma publicação respondendo indiretamente a essa possiblidade de punição, argumentando que esse tipo de ação seria vista como “um ato sem precedentes de censura política e um ataque à liberdade de expressão”.
A cobrança de impostos sobre essas empresas de tecnologias americanas também estão na mesa. A Espanha e a França, por exemplo, já possuem um imposto de 3% sobre as big techs. Na Áustria, essa cobrança chega a 5%.
Um dia antes do anúncio oficial na Casa Branca, o fundador do Facebook e CEO da Meta, Mark Zuckerberg, visitou o governo, no que foi interpretado como uma tentativa de pressionar Trump sobre o assunto.







