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O ex-presidente da Bolívia Evo Morales anunciou nesta quinta-feira (20) que vai concorrer à presidência do país nas eleições de 17 de agosto pelo partido Frente para a Vitória (FPV), após perder a liderança histórica de quase 30 anos da legenda governista Movimento ao Socialismo (MAS).
“Já temos o partido para participar das eleições deste ano”, disse Morales no Trópico de Cochabamba, seu reduto político e sindical, de onde não sai desde 24 de outubro de 2024 para evitar o cumprimento de um mandado de prisão por um caso de tráfico humano agravado.
“Com a Frente para a Vitória, vamos ganhar as eleições nacionais mais uma vez (...) Quero que vocês saibam que não há condições, tudo aqui é para salvar a Bolívia”, declarou Morales, um dia antes de o MAS, do presidente Luis Arce, de quem ele se distanciou, realizar um congresso para definir os mecanismos de escolha do candidato do partido governista.
O acordo assinado entre Morales e a FPV, na cidade de Lauca Ñ, estabelece que o ex-presidente não terá que disputar primárias internas e que o candidato a vice-presidente será definido posteriormente para “resolver as questões de Justiça, economia e outras”.
A FPV participou das eleições frustradas de 2019 e, em 2020, promoveu a candidatura do pastor evangélico coreano-boliviano Chi Hyun Chung, em meio a críticas por copiar o plano de governo de um partido peruano em duas eleições.
Morales deixou de ser presidente do MAS após quase três décadas, depois que os órgãos judicial e eleitoral validaram um congresso realizado em maio de 2024 pela ala “arcista”, como são conhecidos os apoiadores de Arce, que elegeu o líder Grover García como o novo líder do partido governista.
O ex-presidente anunciou que registrará sua candidatura com milhares de seus apoiadores que caminharão até a cidade de La Paz em uma data ainda a ser confirmada.
Morales insiste que pode se candidatar apesar de uma decisão judicial que estabelece que a reeleição na Bolívia é para “apenas uma vez”, de forma contínua ou descontínua, e ele já governou o país por três mandatos consecutivos (2006-2009, 2010-2014 e 2015-2019).
Arce e Morales estão afastados desde o final de 2021 devido a diferenças na administração do Estado, que se aprofundaram com a necessidade de renovar a liderança nacional do MAS e, no ano passado, também sobre a candidatura do partido governista para as eleições marcadas para 17 de agosto.
Embora Arce ainda não tenha confirmado sua candidatura, o presidente boliviano está surgindo como a principal opção do MAS, de acordo com vários analistas, devido ao seu controle do aparato estatal e ao fato de que até agora nenhum líder alternativo surgiu em seu bloco.
Conteúdo editado por: Fábio Galão






