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O general venezuelano Raul Isaías Baduel, em foto de arquivo de 6 de dezembro de 2007
O general venezuelano Raul Isaías Baduel, em foto de arquivo de 6 de dezembro de 2007| Foto: EFE/DAVID FERNÁNDEZ /Arquivo

O general Raúl Isaías Baduel, ex-aliado de Hugo Chávez e preso político na Venezuela desde 2009, morreu nesta terça-feira, aos 66 anos, de uma parada cardiorrespiratória em decorrência de Covid-19, segundo autoridades chavistas. Baduel, que já foi ministro de Defesa da Venezuela, era o militar de mais alta patente preso pela ditadura do país.

Seus familiares não acreditam que Baduel estava com Covid-19 e, um dia antes da sua morte, sua filha havia denunciado que ele estava e um "centro de torturas" do serviço de inteligência em Caracas.

"Lamentamos a morte de Raúl Isaías Baduel de uma parada cardiorrespiratória como resultado da Covid-19, enquanto estava sob cuidados médicos correspondentes. Ele já tinha recebido a primeira dose da vacina. Apresentamos nossas condolências a familiares e amigos", disse o procurador-geral Tarek William Saab no Twitter.

A organização Anistia Internacional exigiu, na terça-feira, esclarecimentos sobre a morte do militar e afirmou que Baduel passou anos detido "em condições desumanas".

"Raul Baduel morre sob custódia do Estado, dias depois de sua família ter denunciado a sua transferência [ao presídio] El Helicoide, e sem que houvesse notificação sobre sua saúde", escreveu Erika Guevara Rosas, diretora da Anistia Internacional para as Américas, em seu perfil no Twitter.

"O general Baduel passou anos detido em condições desumanas. Exigimos justiça e que se sua morte seja esclarecida", acrescentou.

Em 29 de setembro, Andreina Baduel, filha do general, denunciou que seu pai tinha sido transferido do local onde estava preso, no subsolo do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin), conhecido como "A Tumba", para outra sede desse órgão em Caracas.

"Exigimos que suas condições sejam verificadas, exigimos uma prova de vida. Já chega", escreveu ela, mas não houve resposta oficial ao pedido.

A família do militar relatou que ficou sabendo sobre a morte por meio das redes sociais. "Não recebi um telefonema de nenhuma pessoa do governo", afirmou sua esposa, Cruz Zambrano, em entrevista ao canal de televisão EVTV. Ela também disse não acreditar que seu esposo tenha contraído Covid-19.

"Ele não tinha Covid, não é verdade. Quando o retiraram [da sede do Sebin] não tinha Covid", afirmou Zambrano na entrevista por telefone para a emissora.

Nesta quarta-feira, familiares de Baduel foram ao necrotério para exigir que o corpo do ex-ministro não seja cremado. "Não vamos permitir que o corpo do meu pai seja cremado neste momento", disse uma das suas filhas em declarações à imprensa local. Para a família, uma cremação poderia atrapalhar o processo de investigação sobre as causas da morte.

Quem é o general

Baduel, que foi um fiel aliado do falecido ex-presidente Hugo Chávez, foi considerado o artífice do retorno dele ao poder após o golpe de Estado que o derrubou por 48 horas em abril de 2002. O general também foi ministro da defesa entre 2006 e 2007.

Posteriormente, Baduel posicionou-se contra uma guinada totalitária do líder chavista e a reforma constitucional que ele propôs.

Em 2009, o general foi preso e proibido de exercer cargos públicos até o final de sua sentença. Em 2015, ele recebeu liberdade condicional sob condições que, segundo a Justiça venezuelana, não cumpriu, o que o fez voltar à prisão em 2017, ano em que deveria completar sua pena.

Posteriormente, Baduel foi acusado de novos crimes, incluindo contra a integridade da nação e a independência, o que levou a ter sua condenação prorrogada indefinidamente.

Embora a ditadura venezuelana tenha concedido perdões a inúmeros opositores, Baduel nunca esteve nas listas dos que receberam anistia. O seu caso está incluído em diversos informes da alta comissária de direitos humanos das Nações Unidas, Michelle Bachelet.

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