Porto Príncipe - O ex-presidente Jean-Bertrand Aristide chegou ontem ao Haiti, apesar das objeções dos Estados Unidos, depois de sete anos no exílio e dois dias antes de uma eleição crucial para a presidência. Milhares de simpatizantes comemoraram a volta do antigo líder, que ainda é admirado no paísi como defensor dos pobres, embora os EUA temam que ele possa atrapalhar a eleição de domingo.
Os simpatizantes festejaram no aeroporto de Porto Príncipe quando um sorridente Aristide, acompanhado pela família e pelo ator e ativista norte-americano Danny Glover, saiu do avião fretado que o trouxe da África do Sul para o Haiti. "Se vocês pudessem encostar no meu peito, ouviriam como meu coração está batendo rápido, como ele canta uma música para o Haiti", disse Aristide, de terno azul, a jornalistas no aeroporto.
Ele disse ter voltado para dar uma "pequena contribuição" ao seu país, que tenta se recuperar de um terremoto devastador que matou mais de 300 mil pessoas em 2010 e atrasou o desenvolvimento em um dos países mais pobres do mundo.
Segurando bandeiras do Haiti e faixas de boas-vindas, os simpatizantes cercaram aos gritos o veículo utilitário esportivo preto que o levou do aeroporto com um oficial de polícia sentado na frente do carro.
Na espaçosa casa do ex-presidente no distrito Tabarre, na capital, que foi redecorada e enfeitada com bandeiras nacionais para a volta dele, os seguidores subiram nos muros e nas árvores e lotaram o quintal para saudá-lo na chegada. Uma mulher rolava no chão de alegria, gritando: "Vida longa a Aristide."
Histórico
Ex-padre católico e cheio de carisma, Aristide, de 57 anos, foi deposto em 2004 por uma rebelião armada. Ele se tornou o primeiro presidente eleito livremente do Haiti em 1991, mas foi derrubado pelos militares sete meses depois. Seu populismo de esquerda lhe rendeu inimigos na elite empresarial e no Exército, que ele acabou abolindo.
Reeleito no ano 2000, seu segundo mandato foi marcado pela instabilidade econômica e pela violência.
