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Os tribunais militares dos Estados Unidos na baía de Guantánamo são uma "mancha para a América", que se arriscam a condenar pessoas inocentes por ter critérios judiciais muito baixos, disse nesta terça-feira (2) um ex-promotor que trabalhou na base.

Darrel Vandeveld, tenente-coronel do Exército norte-americano que abandonou o cargo em Cuba neste ano por razões éticas, contou à BBC que é impossível garantir julgamentos justos em Guantánamo.

"Eu achava que as comissões militares fossem parte de uma grande tradição condizente com os valores norte-americanos mais altos", disse. "Agora eu vejo que eles vão contra a Constituição e que eles são uma mancha para a América."

"Deveria haver um procedimento pelo qual pudéssemos assegurar o devido processo e julgamentos justos para aqueles réus. Não havia um processo assim."

Um porta-voz do Pentágono disse que não concorda com as opiniões do promotor, e afirmou à BBC que "a comissão militar oferece julgamentos completos e justos para os combatentes inimigos fora da lei que são acusados de uma série de crimes de guerra".

Em setembro, o promotor-chefe das comissões militares de Guantánamo, coronel Lawrence Morris, disse que Vandeveld havia pedido para deixar a equipe de promotores por razões pessoais, acrescentando que "não havia motivo para seu desconforto ético".

Vandeveld afirmou que inicialmente havia apoiado os tribunais de Guantánamo, criados em janeiro de 2002 para receber os suspeitos de terrorismo capturados após os ataques de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.

Ele afirma ter sido em um momento o promotor principal de um terço de todos os casos pendentes. Mas ele logo começou a ficar preocupado com o manuseio das provas judiciais em Guantánamo.

"De alguém que acreditava verdadeiramente, eu me tornei realmente decepcionado", disse. "Tudo estava uma bagunça, tudo estava em caixas desorganizadas."

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