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Porto Príncipe (Folhapress/AE) – Um grupo de soldados brasileiros da Minustah (Missão de Estabilização da ONU no Haiti) interrompeu a rotina de patrulhas nas ruas de Porto Príncipe ontem para assistir a uma breve cerimônia religiosa fúnebre do general Urano Bacellar, encontrado morto no sábado com um tiro na cabeça. Seu corpo será enterrado amanhã no Rio de Janeiro.

O corpo do general Bacellar foi congelado em vez de ser embalsamado, para não atrasar o embarque ao Brasil, previsto para às 20 horas de ontem (23 horas no horário de Brasília), num avião Hercules da Força Aérea Brasileira. O atestado de óbito, providenciado pela Embaixada brasileira, registrou parada cardíaca como causa da morte.

O avião voaria inicialmente para o Rio, mas à tarde ficou resolvido que pousaria em Brasília, onde será feita a autópsia. Essa decisão foi tomada, segundo fonte da Embaixada em Porto Príncipe, para poupar mais sofrimento à família do general, cuja mulher mora no Rio. Só com o laudo da autópsia será possível saber se o general Bacellar, que era comandante da Força Militar da Minustah, de cerca de 7,3 mil homens de 20 países, se suicidou ou foi assassinado.

Os peritos da ONU que examinaram o corpo partiram da hipótese de assassinato, presumivelmente atentado, e insistiram nessa premissa enquanto puderam. Como nada levava a isso e tudo contribuía para confirmar a hipótese de suicídio, as investigações tomaram esse rumo.

O governo brasileiro obteve ontem o apoio do grupo de países envolvidos na pacificação e reestruturação do Haiti (França, Estados Unidos, Canadá, Argentina e Chile) para permanecer no comando das operações militares da ONU no país caribenho. Com a decisão, o Brasil livrou-se do pesado custo político e da possível desmoralização que a perda desse posto traria para o País, justamente no momento em que reacende sua campanha por uma cadeira permanente no Conselho de Segurança.

Ainda na tarde de ontem, o governo submeteu à ONU a sua indicação do general de divisão José Elito Carvalho Siqueira, comandante da 6ª Região Militar, para substituir do general Bacellar.

O ministro Celso Amorim receberá hoje no Itamaraty o secretário-adjunto de Estado dos EUA para a América Latina, Tom Shannon, com quem deverá discutir mais detalhadamente o processo eleitoral no Haiti e a posição brasileira, depois da morte do general Bacellar.

Durante uma conferência ontem, os países envolvidos no Minustah deram seu firme apoio à realização das eleições legislativas e presidenciais no Haiti no dia 7 de fevereiro. Também rejeitaram a possibilidade de que "provocações" e "pretextos" possam atrasar novamente ou impedir a realização da votação.

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