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Comer demais deixa o cérebro em parafuso, desencadeando uma série de danos que podem levar à diabetes, a distúrbios cardíacos e outras doenças, disseram pesquisadores dos EUA nesta quinta-feira (2).

O excesso de calorias parece ativar um acesso habitualmente adormecido do sistema imunológico, cujas células então atacam e destroem invasores inexistentes, segundo Dongsheng Cai e seus colegas da Universidade de Wisconsin-Madison, em artigo na revista Cell.

Isso pode explicar por que a obesidade provoca tantas doenças e ajudar a preveni-la. Estima-se que em 2007 havia pelo menos 1,8 bilhão de pessoas acima do peso no mundo. Medicamentos existentes contra a obesidade têm resultados limitados e fortes efeitos colaterais.

Em ratos, a equipe de Cai tentou explicar estudos que vincularam a obesidade a inflamações crônicas no corpo todo. Esta inflamação está presente em diversas doenças associadas à obesidade, como os problemas cardíacos e a diabete.

Eles obtiveram um composto conhecido como IKKbeta/NK-kappaB. Células imunológicas, como os macrófagos e leucócitos, usam essa substância, mas os cientistas a localizaram no hipotálamo, uma parte do cérebro que está associada ao metabolismo.

"O hipotálamo é a 'sede' da regulação energética", escreveram eles no artigo.

Normalmente, mesmo em alta concentração no hipotálamo, o IKKbeta/NK-kappaB, permanecia inativo, o que mudava quando os ratos recebiam uma dieta rica em gorduras. Nessas situações, o organismo ignorava os sinais da leptina, um hormônio ligado à regulação do apetite, e da insulina, que ajuda a transformar o alimento em energia.

Estimular o IKKbeta/NK-kappaB fez os ratos comerem mais, e suprimi-lo fez os ratos comerem menos. Cai acredita ter encontrado um "interruptor" para doenças provocadas pelo excesso de alimentação.

"O IKKb/NF-kB do hipotálamo pode sustentar toda a família de doenças modernas induzidas pela supernutrição e a obesidade", escreveu o grupo.

Cai não sabe por que esse composto estaria no cérebro e no sistema imunológico, mas suspeita que seja resultado de uma evolução muito antiga em animais primitivos, desprovidos do sistema imunológico sofisticado dos animais modernos, como ratos e humanos.

"Presumivelmente, ele teve algum papel em guiar a defesa imunológica", disse Cai por telefone. "Na sociedade de hoje em dia, este acesso está mobilizado por um desafio ambiental diferente - a supernutrição."

Desativando um gene por meio da engenharia genética, os ratos comiam normalmente, sem se tornarem obesos. Isso é impossível em pessoas, mas Cai acha possível que surja uma droga ou mesmo uma terapia genética (quando um vírus ou outro vetor leva um DNA corretor para o organismo, um tipo de tratamento ainda muito experimental).

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