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LOS ANGELES, EUA - A execução de um homem condenado por estupro e assassinato de uma adolescente americana de 17 anos, em 1981, foi adiada até a noite desta terça-feira depois que dois anestesistas se recusaram a participar do procedimento por razões éticas, informou o jornal "Los Angeles Times". Michael Morales seria executado na manhã desta terça-feira na prisão de San Quentin, na Califórnia.

Os dois anestesistas rechaçaram um decisão judicial e se recusaram a intervir no caso de Morales apresentar dor durante o procedimento por injeção letal.

"Tal intervenção seria contrária à ética do ponto de vista médico", disseram os médicos em nota. "Assim, decidimos nos retirar deste processo", acrescentaram os especialistas, que não foram identificados. Para eles, seria perturbador ter que intervir se Morales despertasse durante o processo ou apresentasse dor.

As associações profissionais de médicos e anestesiologistas dos EUA declararam que a participação dos dois especialistas na execução fere a ética e as normas da profissão.

Na semana passada, Priscilla Ray, presidente do Conselho de Ética e Assuntos Judiciais da Associação Médica Americana, condenou o requerimento de anestesiologistas presentes ao procedimento:

"O uso das habilidades e clínicas dos médicos para propósitos outros que não a promoção da saúde e o bem-estar dos indivíduis contraria os fundamentos éticos básicos da medicina - em primeiro lugar, não ferir", escreveu a médica em nota.

De acordo o diretor da penitenciária, Steven Ornoski, a execução agora será realizada com uma dose única de "sodium pentothal", nome de um barbitúrico letal nos EUA, em vez da tradicional dose de três compostos químicos, usada em procedimentos desse tipo. A medida vai prolongar a execução de Morales dos normais 11 minutos a cerca de 45 minutos.

Os advogados de defesa de Morales argumentaram que a método de injeção letal em três estágios viola a proibição constitucional de "punição incomum e cruel". Eles reclamam que as doses iniciais de sedativos e agentes paralisantes podem mascarar, em vez de prevenir, a dor proveniente dos produtos químicos que paralisam o coração.

O governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, confirmou na noite de segunda-feira a decisão de negar clemência ao condenado, sentenciado à pena capital em 1983.

Morales, de 46 anos, confessou ter matado Terri Winchell como vingança por ela ter supostamente flertado com a amante bissexual de Rick Ortega, primo do hispânico. Ele assumiu a total responsabilidade pelo crime e, após manifestar remorso, foi defendido por um grupo católico contrário à pena de morte.

San Quentin é a prisão onde em dezembro do ano passado foi executado Stanley "Tookie" Williams, depois de receber uma injeção letal. A morte do ex-líder da gangue Crips, que aterrorizou Los Angeles nos anos 70 mas que, na prisão, tornou-se um pacifista, reacendeu o debate sobre a pena de morte no país e provocou fortes reações.

Morales será o primeiro hispânico e o 14º condenado a ser executado desde a restauração da pena de morte na Califórnia em 1978.

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