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O executivo do Google Wael Ghonim discursa para a multidão na Praça Tahrir, centro das manifestações contra o governo no Cairo | Dylan Martinez / Reuters
O executivo do Google Wael Ghonim discursa para a multidão na Praça Tahrir, centro das manifestações contra o governo no Cairo| Foto: Dylan Martinez / Reuters

Cúpula entre América do Sul e países árabes é adiada

Por causa da onda de protestos no Egito e no mundo árabe, a 3ª Cúpula da América do Sul-Países Árabes (Aspa) será adiada. O Itamaraty confirmou a informação de que a data original foi suspensa.

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Ao menos 297 pessoas morreram no Egito em manifestações reprimidas e confrontos de partidários e adversários do regime, indicou a organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW), para quem o total de mortos pode ser muito maior.

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Cairo - O movimento pela saída do ditador do Egito, Hosni Mubarak, ga­­nhou ontem um símbolo improvável, que ajudou a engrossar mais uma grande manifestação contra o regime no centro do Cai­­ro. Um dia após ter sido libertado pelo governo, o executivo da em­­presa Google no país Wael Gho­­nim, 30 anos, apareceu na Praça Tahrir, onde foi aclamado por uma multidão eletrizada.

Cerca de 300 mil pessoas participaram do protesto, reavivando um movimento que parecia cansado nos últimos dias. Manifes­­tantes também protestaram diante do Parlamento, dominado por aliados de Mubarak.

A persistente capacidade de mobilização dos grupos antigoverno mostra que está longe de um desfecho a queda de braço, apesar de a crise já ter deixado 300 mortos e causado sérios danos à economia.

Ghonim passou 12 dias preso pelo papel importante que teve no início da revolta, usando sites como Facebook, Twitter e YouTu­­be para convocar protestos. "Eu não sou herói. Heróis são vocês, que ficaram nesta praça’’, disse, em rápido pronunciamento trans­­mitido por alto-falantes. "Vocês devem insistir até que suas exigên­­cias sejam atendidas. Pelos nossos mártires, devemos insistir.’’

Em entrevista à tevê concedida nos instantes seguintes à sua li­­bertação, Ghonim contou ter sido capturado no último dia 28 por três policiais à paisana en­­quanto caminhava na rua. Se­­gundo relatou, agentes o colocaram dentro de um carro e o levaram até um lugar desconhecido, onde ficou com os olhos vendados.

Uma página do Facebook pe­­dindo que ele assuma o papel de líder dos manifestantes tinha até as 20 h de ontem (horário de Bra­­sília) 130 mil seguidores. No Twit­­ter, ele era acompanhado por mais de 30 mil pessoas.

O executivo ainda não se pronunciou sobre a possibilidade de preencher o vácuo de liderança dos manifestantes, que rejeitam em massa as conversas iniciadas no domingo pelo governo com grupos políticos de oposição

"Aqueles que pretendem falar no nosso nome são usurpadores. Nenhum de nós reconhece as conversas com o governo’’, disse Mus­­tapha Hakem, 26 anos.

Ghonim admitiu que administrava anonimamente a página "Somos Todos Khaled Said’’ na rede social Facebook. Said era um ativista de 28 anos que foi espancado e morto por policiais em Alexandria, em junho do ano passado. Sua morte é considerada um dos estopins das manifestações que tomaram as ruas do Cairo e outras cidades a partir de 25 de janeiro.

Foi o papel de Ghonim como um dos organizadores on-line dos protestos que resultou em sua prisão. "Não façam de mim um herói’’, afirmou o executivo do Google, que chorou du­­rante a entrevista. "Estávamos todos lá para manifestações pa­­cíficas.’’

Ele negou envolvimento da Irmandade Muçulmana na organização dos atos e disse que ela se deveu inteiramente aos jovens egípcios. Para manifestantes, a aparição de Gho­­nim na tevê ajudou a estimular os atos de ontem.

Cronograma

O vice-presidente Omar Sulei­­man disse ontem que o governo já tem um cronograma para uma "transferência de poder pacífica". Ele não detalhou o plano, que surge após promessa de conceder maiores liberdades políticas e de criar comitês para reformar a Consti­­tuição.

Esnobando as conversas, os manifestantes parecem a cada dias mais enraizados na Tahrir, transformada num acampamento de barracas de lona ou improvisadas com cobertores e plásticos. Há crianças, mu­­lhe­­res e idosos, além de jovens, predominantes. Vendedores de pipoca, bandeiras do Egito e cartões de recarga para celular estão por toda parte.

Nas vias de acesso à praça, militares tinham dificuldade para controlar a chegada incessante e maciça de pessoas.

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