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Enfrentamentos

Exército intervém no Líbano para evitar propagação do caos

Distúrbios se estenderam pelo país após atos de violência ocorridos no domingo (21) em Beirute

Soldados libaneses fazem patrulha em Beirute | Anwar Amro/ AFP
Soldados libaneses fazem patrulha em Beirute (Foto: Anwar Amro/ AFP)

O Exército libanês interveio nesta segunda-feira (22) para pôr fim aos distúrbios em Beirute e em outras regiões, que deixaram pelo menos oito mortos e dezenas de feridos nas últimas horas e aumentaram os temores crescentes das tensões sectárias. Após os atos de violência ocorridos ontem em Beirute, depois do funeral do chefe da Inteligência da polícia, o general Wisan al Hassan, assassinado em um atentado na última sexta-feira, o caos se estendeu pelo resto do país.

Tal situação fez com que as Forças Armadas advertissem em comunicado que vão reprimir qualquer ataque para preservar a paz civil porque "o destino da nação está em jogo" e a segurança é "uma linha vermelha".

Os enfrentamentos mais graves aconteceram na cidade de Trípoli, no norte do país, onde três pessoas morreram e mais de vinte ficaram feridas em combates na madrugada de ontem para hoje, entre os moradores dos bairros de Bab al Tebaneh, de maioria sunita, e os de Jabal Mohsen, com predomínio dos alauítas (xiita).

Apesar de a presença militar ter restabelecido temporariamente a calma em Trípoli, alguns conflitos foram retomados na tarde de hoje com a morte de uma pessoa.

Enquanto isso, unidades militares com o apoio de tanques foram mobilizadas em alguns bairros de Beirute como Qasqas, Cola, Corniche Mazraa e Tariq Yedid, onde elementos armados mascarados fizeram barricadas nas ruas com lixo, pedras, ferros e pneus queimados.

Em Qasqas, um grupo de homens armados disparou contra os soldados que tentavam restaurar a ordem e, segundo um comunicado do Exército, um deles foi morto pelas forças de segurança, um palestino identificado como Ahmad Quaider.

O general Jean Kajwayi, comandante em chefe do Exército, inspecionou as tropas de Beirute e ordenou a proteção dos civis e pediu que não tivessem piedade dos indivíduos armados, independente de suas afiliações, informou a agência de notícias libanesa, "ANN".

Em comunicado, as Forças Armadas destacaram que "os incidentes em algumas partes chegaram a níveis sem precedentes" e que estes eventos demonstram que o país está passando por "momentos muito críticos".

"Pedimos a todos os cidadãos que assumam sua responsabilidade nacional nestas circunstâncias difíceis, que não deixam as emoções controlarem a situação, que saiam das ruas e abram os caminhos que ainda estão fechados", diz o texto.

O Exército também informou que iniciou contatos, especialmente nas regiões onde há conflitos sectários e religiosos, para evitar que "o Líbano se transforme em um terreno para o acerto de contas regional e evitar a exploração do assassinato do mártir Hassan".

Os grupos anti-sírios acusam o regime de Damasco de querer exportar sua crise interna para o Líbano, país dividido entre partidários e dissidentes do regime do presidente sírio, Bashar al Assad.

Além disso, as autoridades vincularam o assassinato de Hassan com o seu descobrimento de um plano supostamente traçado pelo ex-ministro libanês Michel Samaha por iniciativa do chefe de Segurança sírio, Ali Mamluk, para cometer atentados no Líbano.

A oposição libanesa, liderada pelo ex-primeiro-ministro Saad Hariri, pediu a renúncia do governo do primeiro-ministro Najib Mikati, por o considerarem responsável pelo atentado que custou a vida do chefe de Inteligência e de outras duas pessoas, além de 126 feridos.

O atual Executivo é formado principalmente por membros do grupo pró-Síria Oito de Março, liderado pelo grupo xiita Hezbollah, por isso muitas pessoas se manifestaram pedindo um governo de união nacional.

Mikati ofereceu a possibilidade de renúncia no sábado, à espera que o presidente Michel Suleiman realize consultas com os líderes políticos participantes da mesa de diálogo nacional.

O líder druso Walid Jumblatt se mostrou disposto a participar de um governo de unidade e rejeitou a campanha contra o governo, da qual - afirmou - "poderia conduzir a um vazio político desejado pelo regime sírio".

Diante desta situação de violência e instabilidade política, o coordenador especial da ONU para o Líbano, Derek Plumbly, pediu que as partes libanesas "estejam de acordo com o caminho a ser seguido" e busquem o consenso através de um "processo político pacífico".

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