
Moscou Uma onda de nostalgia pelo período soviético tomou conta da Rússia. Depois de voltarem a cantar o hino da era comunista em solenidades oficiais, os russos agora pretendem recuperar outros símbolos soviéticos. Tanto que a Câmara Superior do Parlamento da Rússia votou a favor da volta da foice e do martelo à Bandeira da Vitória, a bandeira oficial do Exército russo.
Os símbolos comunistas foram removidos há dez anos, durante o governo de Boris Yeltsin, que morreu na semana passada.
A versão soviética da Bandeira da Vitória deverá fazer parte do desfile da próxima semana em Moscou, em homenagem ao triunfo na Segunda Guerra Mundial.
Segunda Guerra
Em todo o mundo, milhões de pessoas conhecem a foto da bandeira vermelha, com a foice e o martelo e uma estrela branca, erguida no Parlamento da Alemanha nazista no dia 2 de maio de 1945. Mas na Rússia, o significado da bandeira é mais profundo. A vitória soviética contra o fascismo na Segunda Guerra Mundial permanece como um fato de significado quase religioso.
Existe uma feroz oposição na Rússia nos níveis político e popular ao questionamento do papel da União Soviética na derrota da Alemanha nazista.
Algo que ajuda a explicar a reação furiosa à recente mudança de lugar de um monumento de guerra da era soviética na Estônia.
Depois do voto, o chefe do comitê parlamentar de nacionalismo disse que a Bandeira da Vitória era um dos poucos símbolos que continuam a unir todos os russos. Retirar a foice e o martelo, segundo ele, prejudicou as fundações da Rússia moderna.
O clima de nostalgia atinge, além da população, os líderes políticos. O presidente Vladimir Putin descreveu o colapso do bloco comunista como "um dos maiores desastres geopolíticos do século vinte".
Muitas estátuas e monumentos da época foram retirados dos depósitos. A imprensa russa descreve o período soviético não apenas como uma época de repressão, campos de trabalho forçado e filas para comprar alimentos, mas como uma época de vitórias, progressos e orgulho.



