Mumbai Ao menos 174 pessoas morreram e cerca de 450 ficaram feridas durante uma série de oito explosões coordenadas em Mumbai (antiga Bombaim), no pior ataque terrorista em dez anos na Índia. Até ontem à noite não se sabia a autoria do atentado.
As explosões ocorreram dentro de vagões da primeira classe dos trens por volta das 18h30 do horário local (10h de Brasília), quando muitos trabalhadores voltavam para casa. A força das bombas destruiu portas e janelas dos trens, arremessando pertences dos passageiros para fora. Destroços de metal retorcido misturados ao sangue das vítimas eram vistos pelas linhas ferroviárias.
Os trens tiveram a circulação suspensa depois do incidente, que foi retomada só por volta da meia-noite local. O sistema transporta mais de 6 milhões de passageiros por dia.
Momentos após o atentado, o sistema de telefonia celular entrou em colapso. O grande fluxo de chamadas de pessoas em busca de notícias de parentes e amigos impedia que as ligações fossem completadas. Nos hospitais locais eram vistas cenas de caos.
"Não consigo escutar nada. As pessoas ao meu lado não sobreviveram. Não sei como eu consegui", disse Shailesh Mhate, um homem de cerca de 20 anos, enquanto era atendido no chão de um hospital. A natureza dos ferimentos impedia a pronta identificação dos corpos, muitos deles mutilados.
O premier indiano, Manmohan Singh, convocou uma reunião de emergência de seu gabinete e declarou que terroristas estavam por trás dos atentados. Especialistas afirmam que a condição de Mumbai, onde vivem 16 milhões de pessoas, de capital financeira da Índia torna a cidade um alvo específico de ataques.
Apesar de os atentados não terem sua autoria reivindicada, a série de explosões em uma rápida sucessão é uma tática normalmente empregada por grupos separatistas da Caxemira. A região, de maioria muçulmana, onde vivem 10 milhões de pessoas, é motivo de disputa há décadas entre os governos do Paquistão e da Índia. As explosões nos trens de Mumbai ocorreram horas depois que militantes islâmicos mataram oito pessoas em um ataque com granadas na maior cidade da Caxemira.
O fato de que as explosões tenham ocorrido em um dia 11 também chamou a atenção além do 11 de Setembro, o ataque no metrô de Madri que matou 192 pessoas ocorreu no dia 11 de março de 2004. O "modus operandi" dos terroristas que cometeram o massacre de ontem lembra o dos atentados cometidos em Madri e em Londres (2005). As bombas e parecem ter sido ativadas por temporizador, quase simultaneamente. Na capital britânica foi constatada a existência de quatro terroristas suicidas. Na capital espanhola, dez mochilas-bomba foram colocadas nos trens e também explodiram no horário de rush, pela manhã.



