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Manifestantes homenageiam as vítimas dos ataques do extremista Anders Behring Breivik, no centro de Oslo. População busca explicações para o ato de violência sem precedentes no país | Jonathan Nackstrand/AFP
Manifestantes homenageiam as vítimas dos ataques do extremista Anders Behring Breivik, no centro de Oslo. População busca explicações para o ato de violência sem precedentes no país| Foto: Jonathan Nackstrand/AFP

Número de mortos fica em 76

A polícia da Noruega reduziu ontem para 76 o número de vítimas do tiroteio na ilha de Utoeya e da explosão de um carro-bomba na sexta-feira. O saldo anterior indicava ao menos 93 mortos.

Em pronunciamento público, a polícia disse que o número de mortes no violento ataque na ilha de Utoyea foi reduzido de 86 para 68. Um porta-voz do órgão informou que um dos possíveis motivos da confusão quanto aos nú­­meros é de que alguns corpos de­­vem ter sido contados mais de uma vez.

A polícia elevou, contudo, de sete para oito o número de vítimas da explosão de um carro-bomba no centro de Oslo, perto da sede do governo.

Eles alertaram, contudo, que o número pode voltar a subir, já que as equipes ainda não encerraram os trabalhos de resgate na ilha.

"Não há forma de fazer isto [identificação das vítimas] mais rápido do que fazemos no mo­­mento", disse o porta-voz da polícia. "Esta indo de acordo com o plano, mas consome muito tempo, reunir informação das famílias", afirmou o porta-voz, acrescentando que espera ter um nú­­mero final de vítimas na quinta-feira.

Entrevista

Embora os partidos extremistas de direita europeus tenham condenado o atentado da Noruega, eles seriam, de certa forma, autores intelectuais do crime, segundo Stefan Schölermann, especialista em extrema-direita de Hamburgo e autor de vários livros sobre o assunto. Para Schölermann, esses partidos pregam ideias idênticas às do assassino de Oslo: um medo difuso dos imigrantes muçulmanos. Nesta entrevista à Agência O Globo, em Berlim, ele diz que teses como as do holandês Geert Wilders [líder do Partido para a Liberdade, da Holanda] vão "contra a sociedade aberta e tolerante", diz.

Leia a entrevista completa

  • Confira como foi a ação da polícia no dia do atentado em Oslo

A poucos metros de uma multidão que tomou ontem as ruas de Oslo para homenagear as vítimas do duplo atentado da semana passada, o extremista cristão Anders Behring Breivik, 32 anos, acusado dos ataques, dizia à Justiça que ainda tem aliados ativos.

Ele afirmou a um juiz que as duas "células" aliadas integram sua organização, montada para "salvar a Europa do islã".

A polícia disse não ter informações sobre os supostos membros do grupo, mas uma investigação internacional foi desencadeada.

Breivik também se declarou inocente e disse não se sentir culpado pelas mortes.

Ontem, autoridades norueguesas disseram que o serviço de inteligência investigou Breivik em março. O extremista havia com­­prado produtos químicos usados na confecção de bombas de uma empresa polonesa que já era mo­­nitorada.

A investigação não teve continuidade, pois a transação foi le­­gal. A notícia alimentou as especulações sobre uma suposta falta de organização dos serviços de segurança do país.

Breivik continuará preso. De­­pois da audiência, o juiz informou ter ordenado Breivik a ficar detido numa prisão solitária por oito semanas, sem receber cartas, jornais ou visitas, exceto de um ad­­vogado. O período de custódia, que foi solicitado pelos promotores e poderá ser estendido, permitirá que se investigue o caso.

Pela lei do país, a condenação máxima para Breivik é de 21 anos, mas, segundo o jurista Stalen Es­­kelamd, da Universidade de Oslo, uma cláusula permite que na prática ele fique em prisão perpétua. "Ele pode ir para uma espécie de custódia que, ao final dos 21 anos, permite prolongar a pena até que ela vire prisão perpétua", disse.

Ontem, os noruegueses se preocuparam menos com o destino do atirador do que em levantar-se do clima de tristeza e choque.

Homenagem

Cerca de 100 mil deles atenderam à convocação do premiê Jens Stol­­tenberg e fizeram uma marcha que parou o centro da cidade. Com semblantes mais alegres e carregando bandeiras da Norue­­ga, eles espalharam milhares de flores pela capital.

"Essa pessoa [Breivik] achou que ia atingir o Partido Traba­­lhis­­ta, mas atingiu toda a população. É incrível a reação que todos estão tendo", disse o líder dos jovens trabalhistas, Eskila Pedersen, que sobreviveu ao ataque.

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