Número de mortos fica em 76
A polícia da Noruega reduziu ontem para 76 o número de vítimas do tiroteio na ilha de Utoeya e da explosão de um carro-bomba na sexta-feira. O saldo anterior indicava ao menos 93 mortos.
Em pronunciamento público, a polícia disse que o número de mortes no violento ataque na ilha de Utoyea foi reduzido de 86 para 68. Um porta-voz do órgão informou que um dos possíveis motivos da confusão quanto aos números é de que alguns corpos devem ter sido contados mais de uma vez.
A polícia elevou, contudo, de sete para oito o número de vítimas da explosão de um carro-bomba no centro de Oslo, perto da sede do governo.
Eles alertaram, contudo, que o número pode voltar a subir, já que as equipes ainda não encerraram os trabalhos de resgate na ilha.
"Não há forma de fazer isto [identificação das vítimas] mais rápido do que fazemos no momento", disse o porta-voz da polícia. "Esta indo de acordo com o plano, mas consome muito tempo, reunir informação das famílias", afirmou o porta-voz, acrescentando que espera ter um número final de vítimas na quinta-feira.
Entrevista
Embora os partidos extremistas de direita europeus tenham condenado o atentado da Noruega, eles seriam, de certa forma, autores intelectuais do crime, segundo Stefan Schölermann, especialista em extrema-direita de Hamburgo e autor de vários livros sobre o assunto. Para Schölermann, esses partidos pregam ideias idênticas às do assassino de Oslo: um medo difuso dos imigrantes muçulmanos. Nesta entrevista à Agência O Globo, em Berlim, ele diz que teses como as do holandês Geert Wilders [líder do Partido para a Liberdade, da Holanda] vão "contra a sociedade aberta e tolerante", diz.
A poucos metros de uma multidão que tomou ontem as ruas de Oslo para homenagear as vítimas do duplo atentado da semana passada, o extremista cristão Anders Behring Breivik, 32 anos, acusado dos ataques, dizia à Justiça que ainda tem aliados ativos.
Ele afirmou a um juiz que as duas "células" aliadas integram sua organização, montada para "salvar a Europa do islã".
A polícia disse não ter informações sobre os supostos membros do grupo, mas uma investigação internacional foi desencadeada.
Breivik também se declarou inocente e disse não se sentir culpado pelas mortes.
Ontem, autoridades norueguesas disseram que o serviço de inteligência investigou Breivik em março. O extremista havia comprado produtos químicos usados na confecção de bombas de uma empresa polonesa que já era monitorada.
A investigação não teve continuidade, pois a transação foi legal. A notícia alimentou as especulações sobre uma suposta falta de organização dos serviços de segurança do país.
Breivik continuará preso. Depois da audiência, o juiz informou ter ordenado Breivik a ficar detido numa prisão solitária por oito semanas, sem receber cartas, jornais ou visitas, exceto de um advogado. O período de custódia, que foi solicitado pelos promotores e poderá ser estendido, permitirá que se investigue o caso.
Pela lei do país, a condenação máxima para Breivik é de 21 anos, mas, segundo o jurista Stalen Eskelamd, da Universidade de Oslo, uma cláusula permite que na prática ele fique em prisão perpétua. "Ele pode ir para uma espécie de custódia que, ao final dos 21 anos, permite prolongar a pena até que ela vire prisão perpétua", disse.
Ontem, os noruegueses se preocuparam menos com o destino do atirador do que em levantar-se do clima de tristeza e choque.
Homenagem
Cerca de 100 mil deles atenderam à convocação do premiê Jens Stoltenberg e fizeram uma marcha que parou o centro da cidade. Com semblantes mais alegres e carregando bandeiras da Noruega, eles espalharam milhares de flores pela capital.
"Essa pessoa [Breivik] achou que ia atingir o Partido Trabalhista, mas atingiu toda a população. É incrível a reação que todos estão tendo", disse o líder dos jovens trabalhistas, Eskila Pedersen, que sobreviveu ao ataque.
Interatividade
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