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Sheryl Sandberg, diretora de operações do Facebook | Andrew Harrer / Bloomberg
Sheryl Sandberg, diretora de operações do Facebook| Foto: Andrew Harrer / Bloomberg

A diretora de operações do Facebook, Sheryl Sandberg, admitiu nesta quarta-feira (21) que recebeu informações sobre o trabalho da empresa com a Definers, a consultoria afiliada ao Partido Republicano que conduziu pesquisas de oposição aos críticos do Facebook.

Os comentários de Sandberg, escritos em um blog na quarta-feira à noite, parecem ter recuado suas declarações da semana passada, quando ela disse que “não sabia” que o Facebook havia contratado a Definers. 

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Na postagem de quarta-feira, Sandberg disse que inicialmente não se lembrava da Definers quando leu uma matéria do New York Times que detalhava como o Facebook havia empregado a empresa. Posteriormente, ela pediu a sua equipe que investigasse o assunto para “verificar novamente se alguma coisa havia passado pela minha mesa”. 

“Uma parte do trabalho deles foi incorporada a materiais apresentados a mim e recebi um pequeno número de e-mails onde a Definers foi mencionada”, escreveu Sandberg. Ela também disse: “Quero deixar claro que supervisiono nossa equipe de comunicação e assumo total responsabilidade por seu trabalho e pelas empresas de relações públicas que trabalham conosco”. 

A admissão pode encorajar os que criticam o Facebook, que dizem que a rede social gerenciou mal sua resposta a uma série de crises que enfrentou no ano passado envolvendo interferência russa e privacidade de dados. 

Grande parte da postagem de quarta-feira foi escrita pelo chefe de política do Facebook, Elliot Schrage, que está deixando o cargo – o post de Sandberg era um adendo ao texto de Schrage – que ofereceu mais detalhes sobre o trabalho da empresa com a Definers. 

Schrage disse que a empresa foi originalmente contratada para compilar notícias e fornecer informações a repórteres, mas o escopo do trabalho da empresa se expandiu de forma que ele mais tarde se arrependeu. “Sinto muito ter decepcionado todos vocês”, escreveu Schrage. “Eu me arrependo do meu próprio fracasso aqui.” 

Mas Schrage, que é conhecido entre colegas como um combativo e leal protetor de sua chefe, Sandberg, também defendeu o trabalho da Definers, incluindo a decisão de investigar o progressista George Soros e suas possíveis conexões com uma organização que critica o Facebook. 

Schrage disse que o Facebook pediu que a Definers investigasse quem estava por trás de uma nova coalizão de críticos chamada “Freedom from Facebook”. A consultoria “soube que George Soros estava financiando vários membros da coalizão. Eles prepararam documentos e os distribuíram à imprensa para mostrar que esse não era simplesmente um movimento popular espontâneo”. 

“Acredito que seria irresponsável e pouco profissional não entendermos os antecedentes e potenciais conflitos de interesse de nossos críticos”, acrescentou Schrage. 

A Open Society Foundations, uma organização filantrópica fundada por Soros, se opôs fortemente ao que descreveu como “táticas inescrupulosas” do Facebook. A fundação acusou a empresa de imitar os esforços de parte da direita para demonizar o judeu Soros, que é um alvo frequente de ataques anti-semitas da extrema direita. A Open Society não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. 

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O porta-voz do Freedom for Facebook Eddie Vale disse nesta quarta-feira: "Nós dissemos publicamente, e a Open Society disse publicamente, eles não fornecem nenhum financiamento, mesmo assim o Facebook continua a mentir”. 

Sandberg, em seu post na quarta-feira, escreveu: “Nunca foi intenção de ninguém participar de uma narrativa anti-semita contra Soros ou qualquer outra pessoa. Ser judeu é uma parte essencial de quem eu sou e nossa empresa se posiciona firmemente contra o ódio. A ideia de que nosso trabalho tenha sido interpretado como anti-semita é abominável para mim – e profundamente pessoal”. 

Apesar dessas controvérsias, a posição de Sandberg na empresa não está em perigo, disse o executivo-chefe do Facebook, Mark Zuckerberg, em uma entrevista que foi ao ar na CNN na terça-feira. Zuckerberg reconheceu erros, mas disse que não renunciaria ao cargo de presidente do conselho do Facebook, nem descartaria Sandberg. 

“Ela é uma parceira importante para mim há 10 anos”, disse Zuckerberg na entrevista. “Estou muito orgulhoso do trabalho que fizemos juntos e espero que ainda trabalhemos juntos por décadas”. O Facebook não respondeu a um pedido de comentário. 

“É importante para o Facebook reconhecer que isso não é um problema de relações públicas – é um desafio fundamental para a plataforma e seu modelo de negócios”, disse o senador Mark Warner, da Virgínia, ao jornal The Washington Post nesta semana. “Acho que levaram muito tempo para perceber isso”. 

As ações do Facebook subiram quase 2% na quarta-feira, já que muitas ações de tecnologia se recuperaram de dias de grandes perdas.

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