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Um folheto divulgado em 7 de novembro de 2018 pela Guarda Costeira de Bangladesh refugiados Rohingya resgatados e supostos traficantes presos na estação de guarda costeira de Teknaf. A guarda costeira de Bangladesh resgatou 33 rohingya e prendeu seis supostos traficantes de seres humanos de uma traineira de pesca com destino à Malásia na Baía de Bengala. Os resgatados incluíam 14 homens, 10 mulheres e nove crianças que viviam em campos de refugiados no distrito de Cox's Bazar, no sudeste de Bangladesh, de acordo com Fayezul Islam Mondol, comandante da guarda costeira na cidade de Teknaf | Guarda Costeira de Bangladesh/ Divulgação/AFP
Um folheto divulgado em 7 de novembro de 2018 pela Guarda Costeira de Bangladesh refugiados Rohingya resgatados e supostos traficantes presos na estação de guarda costeira de Teknaf. A guarda costeira de Bangladesh resgatou 33 rohingya e prendeu seis supostos traficantes de seres humanos de uma traineira de pesca com destino à Malásia na Baía de Bengala. Os resgatados incluíam 14 homens, 10 mulheres e nove crianças que viviam em campos de refugiados no distrito de Cox's Bazar, no sudeste de Bangladesh, de acordo com Fayezul Islam Mondol, comandante da guarda costeira na cidade de Teknaf| Foto: Guarda Costeira de Bangladesh/ Divulgação/AFP

Os ataques contra a minoria rohingya em Mianmar ocorreram, em parte, porque o Facebook não tomou as medidas necessárias para impedir a disseminação de conteúdo falso e de ódio, diz um novo relatório encomendado pela própria companhia.

Segundo o documento, posts e contas na rede social incentivaram e ampliaram a tensão entre os muçulmanos rohingya e a maioria budista do país de 53 milhões de habitantes, muitas vezes levando a casos de violência.

"Apesar de não ser possível entender perfeitamente a relação direta entre o conteúdo no Facebook e a violência no mundo real, o Facebook se tornou um meio para aqueles que querem espalhar o ódio e causar danos", diz o documento divulgado na segunda (6).

Além dos rohingya, outros grupos também podem ser alvos de violência criada a partir das redes sociais, em especial mulheres e crianças, diz o documento.

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O estudo foi conduzido de maio a setembro e foi feito a partir da análise de postagens no Facebook e de entrevistas com ativistas de direitos humanos de Mianmar e com moradores do país, incluindo vítimas de violência.

"Há indicativos que grupos organizados usaram diversos perfis falsos e páginas para espalhar discurso de ódio, fake news e desinformação para ganho político. Rumores divulgados pela mídia social foram associados com a violência comunitária e atos de linchamento coletivo", diz o texto, feito pela organização Business for Social Responsibility (BSR), com sede em San Francisco, nos Estados Unidos.

Mais de 25 mil rohingya já morreram desde o início da atual onda de ataques, que começou em agosto de 2017, e cerca de 700 mil tiveram que fugir do país.

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O estudo mostra que o aumento do acesso à internet em Mianmar a partir de 2013 fez o Facebook se tornar onipresente no país, a ponto de praticamente todos os habitantes terem conta na plataforma.

"O predomínio de discurso de ódio, desinformação e pessoas mal-intencionadas no Facebook teve um impacto negativo na liberdade de expressão, de reunião e de associação para os usuários mais vulneráveis de Mianmar", diz o relatório.

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O estudo é o primeiro documento do Facebook a admitir a ligação entre a rede social e a violência em Mianmar, mas em entrevista em julho o fundador e CEO da empresa, Mark Zuckerberg, já tinha afirmado que a rede social provavelmente tinha alguma culpa no que ocorreu no país.

Um relatório da ONU divulgado em agosto, que acusou a cúpula militar do país de genocídio contra os rohingya, também já tinha criticado o Facebook por sua inação em conter o problema.

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O Facebook já tomou uma série de medidas para tentar conter a situação e no fim de agosto, após sugestão da ONU, removeu as contas de diversos líderes militares birmaneses. O relatório desta segunda, porém, não detalha os resultados dessas iniciativas.

Em vez disso, o documento faz uma série de recomendações à empresa, em especial em preparação para a eleição de 2020, que "provavelmente será um foco de discurso de ódio, perseguição, desinformação, incitação à violência e outras ações feitas para afetar o processo políticos", afirma o texto.

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Entre as principais medidas sugeridas pelo novo documento estão a criação de uma política global de direitos humanos para o Facebook e a implementação de uma equipe específica para atuar em Mianmar.

Em resposta ao novo relatório, o gerente de política de produtos do Facebook, Alex Warofka, escreveu um texto no qual reconhece os erros da empresa no último ano, mas defende as medidas recentes adotadas e se compromete a continuar trabalhando para resolver a questão.

"O estudo conclui que, antes deste ano, nós não estávamos fazendo o suficiente para ajudar a prevenir que a plataforma fosse usada para fomentar a divisão e incitar a violência no mundo real. Nós concordamos que podemos e devemos fazer mais", disse ele.

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