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O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba| Foto: Reprodução

“O que acontece na Ucrânia não importa só para o povo ucraniano. Os verdadeiros objetivos da Rússia vão muito além do nosso país. A Rússia quer despedaçar a ordem estabelecida na Europa, minar seus princípios fundamentais e destruir a arquitetura de segurança construída após a Guerra Fria”.

Em entrevista coletiva concedida nesta quarta-feira (2), o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, usou estas palavras para pedir que os países ocidentais se posicionem em definitivo com relação ao conflito que se desenha no leste europeu. “Uma falha na Ucrânia enviará ao mundo a mensagem de que o Ocidente é incapaz de defender seus próprios princípios e, portanto, de se defender”, alertou o chanceler, para quem a Ucrânia aprendeu a “amarga lição de que só pode contar consigo mesma”.

Durante o evento virtual, Kuleba recordou a invasão da Criméia pela Rússia em 2014, bem como a guerra em Donbass, durante as quais o país permaneceu neutro. “Ouço argumentos de que a neutralidade da Ucrânia faria Putin menos agressivo. Eu me pergunto: como? Nada disso o impediu de nos atacar em 2014, então é difícil entender por que o pararia agora”, disse.

O ministro afirmou estar confiante de que o conflito entre a Rússia e a Ucrânia pode acabar mediante a resolução de duas questões fundamentais que requerem uma tomada de posição dos países aliados.

“Primeiro, o Ocidente precisa abandonar a estratégia reativa e adotar uma postura proativa ao lidar com a Rússia. Putin e seus aliados continuam pedindo que todo mundo explique ‘como seus parceiros entendem sua obrigação com a própria segurança’. Trata-se de um país que invadiu a Ucrânia, matando mais de 14 mil pessoas, efetua ataques cibernéticos contínuos contra vários países e campanhas de desinformação. Então, na verdade, é o Ocidente quem deveria fazer essas perguntas à Rússia. Quando a Rússia vai explicar para todos nós como a segurança da Europa será garantida diante do seu expansionismo?”, questionou.

“Além disso, a ambiguidade com relação ao papel da Ucrânia como uma parte do Ocidente precisa acabar. O povo ucraniano escolheu este caminho e pagou um preço alto por ele. Nós somos historicamente, culturalmente e politicamente uma parte do Ocidente. É hora de acabar com essa ambiguidade nociva que só serve como uma tentação para que o Kremlin continue a minar a Ucrânia”, cobrou Kuleba.

Quanto à possibilidade de guerra iminente, o chanceler reforçou que as tropas russas nas fronteiras ucranianas fazem pressão e não diminuíram, mas não são suficientes para uma invasão em larga escala. Ainda assim, o país “está se preparando para todos os cenários possíveis”. “Nós não subestimamos a ameaça, mas não vamos permitir que a Rússia nos desestabilize plantando o pânico”, disse.

Por fim, Kuleba agradeceu aos países que declararam apoio à Ucrânia e, especialmente, aos Estados Unidos. Ainda hoje, o presidente Joe Biden confirmou o envio de mais de 3 mil soldados para o leste europeu. “Sou especialmente grato aos Estados Unidos pelo fornecimento do maior contingente militar para aumentar as defesas da Ucrânia. Eu recordo que precisamos de armas de defesa para fortalecer os esforços diplomáticos, e quanto mais forte a Ucrânia estiver, menor será o risco de precisarmos delas”.

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