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Embriões híbridos são derivados de inserção de núcleo de uma célula humana num óvulo de animal | Maurício Lima/AFP
Embriões híbridos são derivados de inserção de núcleo de uma célula humana num óvulo de animal| Foto: Maurício Lima/AFP

A aprovação, em 2008, das pesquisas com embriões híbridos de humano e animal no Reino Unido pode não ter tido o resultado esperado: menos de um ano depois do "sim" no Congresso, entidades de financiamento estão negando recursos para trabalhos que utilizam o polêmico método, segundo o jornal britânico "Independent". Segundo um dos três cientistas que receberam autorização para fazer este tipo de pesquisa - realizada a partir de uma combinação de DNA humano e animal -, cientistas que são contrários às chamadas "quimeras" por questões morais podem estar bloqueando os recursos em comitês de financiamento.

Derivados da inserção de núcleo de uma célula humana num óvulo de animal, como vacas, porcos ou coelhos, os embriões híbridos são muito mais fáceis de obter do que os humanos. Eles podem ser usados para estudar o desenvolvimento embrionário e tentar criar células-tronco a partir da pele de um paciente, o que poderia levar a tratamentos com tecidos personalizados para doenças como Mal de Parkinson, diabetes e problemas cardíacos.

A reportagem do "Independent", publicada na internet, afirma que até mesmo as pesquisas que já estavam em andamento estão ameaçadas e podem chegar ao fim nas próximas semanas. A falta de recursos também pode levar o Reino Unido a perder a liderança nas pesquisas com embriões híbridos, proibidas na Austrália, na França, na Alemanha e na Itália, entre outros países, além de não poder ser financiada com recursos públicos nos EUA.

Dois dos três cientistas autorizados pelo governo a fazer estas pesquisas no Reino Unido tiveram seus pedidos de financiamento negados sem que o motivo fosse esclarecido. Os embriões quiméricos são considerados incompatíveis com a vida e não se desenvolveriam mesmo se fossem implantados num útero, mas seu uso enfrenta resistência de alguns setores católicos do governo. Os críticos da tecnologia híbrida a chamam de "ciência de Frankenstein".

"Pessoas que analisam as concessões podem estar olhando isso a partir de uma perspectiva moral completamente diferente e não sabemos o quanto isso influenciou a percepção das pessoas sobre o financiamento", disse ao jornal o professor Stephen Minger, do King's College de Londres, um dos três licenciados para fazer as pesquisas.

Também licenciado, Lyle Armstrong, do Centro pela Vida da Universidade de Newcastle, disse que já criou 278 híbridos com óvulos de vaca, mas teve seu pedido de financiamento, que lhe ajudaria a chegar a células-tronco embrionárias, foi negado.

"Parece um grande esforço para nada. Estamos procurando outros caminhos para manter este trabalho avançando, mas é deprimente que o Reino Unido pareça feliz por criar um bom ambiente regulatório para este trabalho, mas depois não oferecer dinheiro para isso", disse Armstrong ao "Independent".

O terceiro pesquisador autorizado, o professor Justin St John, da Universidade de Warwick, disse que ainda está preparando sua proposta.

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