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Familiares de diversos presos políticos realizaram um protesto em frente à sede do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), em Caracas, nesta sexta-feira (28), para exigir a libertação de seus entes queridos, atualmente mantidos em prisões e tendo seus direitos violados pelo regime do ditador Nicolás Maduro na Venezuela.
A mobilização foi organizada por ativistas do Comitê por la Libertad de los Presos Políticos (Clippve), que, segundo informações do portal venezuelano Efecto Cocuyo, voltaram às ruas um mês após concluírem uma série de manifestações conhecidas como “Ruta por la Libertad y la Justicia”, realizada por várias instituições da capital venezuelana. O objetivo segue o mesmo: denunciar as condições degradantes de reclusão e os sistemáticos abusos ao devido processo legal cometidos contra os mais de 900 presos políticos ainda mantidos em cativeiro pelos chavistas no país.
“Pedimos não apenas a libertação de todos os presos políticos, mas também que a ONU se manifeste contra o uso de prisões como política de Estado”, declarou Sairam Rivas, porta-voz do Clippve. De acordo com o Cocuyo, Rivas é companheira do ex-vereador Jesús Armas, preso político detido na sede do serviço de inteligência chavista, o chamado “Helicoide”, uma das instalações mais temidas do regime de Maduro.
Durante o protesto, Rivas também criticou a hipocrisia da ditadura venezuelana ao cobrar respeito ao devido processo para os venezuelanos deportados para El Salvador, enquanto dentro do território nacional continua ignorando completamente esses mesmos direitos para seus próprios cidadãos.
“Nossos presos políticos e muito menos seus familiares conhecem sequer quem é o defensor público que o Estado lhes designa. As audiências são feitas no próprio local de reclusão, onde são inclusive torturados, e também não sabem quais são os delitos que lhes imputam”, denunciou.
O Clippve e outras organizações denunciam que o isolamento, a falta de acesso à defesa e a inexistência de acusações formais são práticas corriqueiras contra os opositores presos. Mesmo após uma campanha intensa que envolveu caminhadas e protestos pacíficos ao longo de um mês, o regime de Maduro permanece surdo às demandas da sociedade civil.
“Depois de um mês de realização da exitosa Ruta por la Justicia y la Libertad, o Estado segue sem atender as demandas dos familiares e amigos dos presos políticos e excarcerados, enquanto as violações ao devido processo e as péssimas condições de reclusão continuam lesionando os direitos de centenas de pessoas vítimas da repressão estatal”, informou a organização de direitos humanos Provea, que também acompanhou o protesto desta sexta-feira.
Os manifestantes cobram da ONU uma postura mais firme diante da situação dos presos políticos venezuelanos, diante de um regime que, segundo eles, usa a máquina estatal para silenciar dissidentes e se perpetuar no poder por meio do medo e da repressão.







