Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
impasse

Farc e governo colombiano admitem prorrogar prazo para acordo de paz

Após três anos de negociações, acerto de temas complexos pode impedir assinatura em março

Representante das Farc, Joaquin Gomez, em Havana, afirmou que é preciso de mais tempo para acordo de paz | YAMIL LAGE/AFP
Representante das Farc, Joaquin Gomez, em Havana, afirmou que é preciso de mais tempo para acordo de paz (Foto: YAMIL LAGE/AFP)

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) expressaram sua disposição em estabelecer uma nova data para a assinatura do acordo de cessar-fogo com o governo colombiano – em uma nova demonstração que o prazo fixado para o próximo dia 23 de março pode não ser cumprido mesmo após mais de três anos de negociações de paz. A declaração da guerrilha vem um dia após o presidente Juan Manuel Santos ter afirmado que o pacto só será firmado se for satisfatório para o país que tenta colocar fim a mais de meio século de conflitos.

“Estamos de acordo com o que disse o presidente Juan Manuel Santos, que não há condições para o dia 23”, afirmou Joaquín Gómez, negociador das Farc em Havana. “Estamos de acordo de maneira consensual sobre acertar outra data”.

Na quarta-feira (9), Santos admitiu pela primeira vez que talvez não seja possível cumprir o prazo inicialmente previsto para fechar o acordo com os rebeldes esquerdistas. Fontes de ambas as partes dizem que ainda há temas complexos a serem resolvidos pelas negociações.

“Depois de tanto esforço e de tanto tempo, se não tivermos chegado a um bom acordo até o dia 23 de março, digo que estabeleçamos outra data. Eu não vou cumprir o prazo com um acordo ruim. Eu cumpro e firmo um bom acordo aos colombianos”, disse o presidente.

Algumas horas mais tarde, o Senado colombiano aprovou uma mudança legislativa que autoriza Santos a suspender as ordens de captura dos chefes rebeldes e criar zonas para concentrar e desarmar a guerrilha das Farc. A decisão vem como um novo marco à política do país, já que foi a primeira vez que a coalizão governista e o Partido Centro Democrático chegaram a um acordo nas discussões sobre a paz – tema que geralmente coloca as duas partes em posições diametralmente opostas.

Este acordo estabelece que as áreas de guerrilha serão temporárias, afastadas das áreas urbanas e das fronteiras e sem a presença de cultivos ilícitos ou de mineração ilegal. Além disso, a entrada a estas áreas reduzidas deverá ser controlado com a assistência de um organismo internacional.

Após mais de três anos de negociações, o acordo tem o objetivo de acabar com os conflitos que já mataram 220 mil pessoas e deixaram milhões de pessoas deslocadas no país desde 1964. Atualmente, a possibilidade de um plebiscito para garantir a aprovação popular do acordo tem sido alvo de discordância entre as duas partes – uma condição que Santos considera imprescindível, mas é rejeitada pelos negociadores das Farc.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.