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Os ferimentos provocados no presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, por um ataque de foguete contra seu palácio na semana passada eram mais sérios do que o inicialmente informado, disse uma autoridade iemenita, levantando dúvidas sobre seu governo.

A primeira informação era de que Saleh havia sido ferido por estilhaços, e seu vice-presidente teria dito na segunda-feira que o presidente voltaria ao Iêmen dentro de dias. Ele está sendo tratado na Arábia Saudita.

A autoridade iemenita reiterou comentários de um funcionário norte-americano de que a condição de Saleh era mais grave, com queimaduras em 40% de seu corpo. A Grã-Bretanha pediu na terça-feira uma transição ordenada de poder.

Na capital Sanaa, milhares de manifestantes se reuniram na terça-feira diante da residência do vice-presidente iemenita, exigindo que o líder interino que ocupa o lugar do presidente ferido forme um conselho de transição para criar um governo novo.

Fora do protesto pacífico promovido na capital, batalhas foram travadas em uma cidade do sul do país controlada por militantes islâmicos.

Cerca de 4.000 manifestantes em Sanaa, que há cinco meses vêm reivindicando a renúncia de Saleh, convocaram uma "marcha de 1 milhão de homens" para que ele permaneça na Arábia Saudita, onde ele está recebendo tratamento médico por ferimentos sofridos em um ataque na sexta-feira.

"O povo quer formar um conselho de transição. Não vamos dormir, não vamos nos sentar enquanto o conselho não for formado", gritaram os manifestantes.

Manifestantes carregavam cartazes dizendo "o sangue dos libertados conquistou a vitória", enquanto outros agitavam bandeiras dizendo "nossa revolução é iemenita, não do Golfo nem americana."

"Vamos permanecer diante da residência do vice-presidente por 24 horas para pressioná-lo a formar o conselho de transição", disse o ativista jovem Omar al-Qudsi.

"A era de Saleh terminou", disse ele à Reuters.

Saleh, de 69 anos, foi ferido na sexta-feira quando foguetes atingiram seu palácio em Sanaa, matando sete pessoas e ferindo altos funcionários e assessores, no que, segundo seus conselheiros, foi uma tentativa de assassinato.

A situação volátil no Iêmen, que se situa ao lado de corredores marítimos vitais para o transporte de petróleo, preocupa as potências ocidentais e a vizinha gigante petrolífera Arábia Saudita, que temem que uma situação de caos no país possibilite ao braço local da Al-Qaeda operar com mais liberdade.

Elas veem a ausência de Saleh como oportunidade de afastar o presidente do poder com suavidade, depois de quase 33 anos no governo do empobrecido país árabe.

"Estamos pedindo uma transição pacífica e ordeira", disse na segunda-feira a secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, telefonou ao vice-presidente Abu-Rabbu Mansour Hadi, indicado por Saleh para ocupar a Presidência interinamente, e defendeu um cessar-fogo.

Hadi vem insistindo que Saleh retornará em alguns dias.

Autoridades sauditas disseram que cabe a Saleh decidir se ele retorna para o Iêmen ou não, mas elas e suas aliadas ocidentais podem querer reativar um acordo de transição mediado pelo Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), pelo qual o líder iemenita renunciaria em troca de imunidade judicial.

"É provável que a saída de Saleh seja permanente", disse Robert Powell, analista do Iêmen na Unidade de Inteligência da Economist.

"Os sauditas, assim como os EUA e a União Europeia, o estão pressionando a permanecer na Arábia Saudita, porque veem a possibilidade de seu retorno como catastrófica."

"Antes de sua saída, o país estava mergulhando inexoravelmente na guerra civil. Mas sua saída abriu de repente uma janela diplomática para ser reiniciada a proposta mediada pelo CCG, que parecia ter fracassado. Parece que a Arábia Saudita e outras partes interessadas não estão dispostas a deixar que Saleh leve a proposta a fracassar desta vez."

A Arábia Saudita está preocupada com as atividades da Al-Qaeda na Península Arábica, sediada no Iêmen, que vem lançando ataques ousados, embora não muito eficazes, contra alvos sauditas e americanos.

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