Cidade do México A Justiça Eleitoral mexicana proclamou ontem o governista Felipe Calderón, do Partido Ação Nacional (PAN), presidente eleito do México, pondo fim a uma disputa legal iniciada logo depois do fechamento das urnas da eleição presidencial de 2 de julho. O candidato centro-esquerdista Andrés Manuel López Obrador, do Partido da Revolução Democrática (PRD), denuncia fraude e seus partidários bloqueiam as principais vias do centro da Cidade do México há mais de um mês, exigindo a recontagem total dos votos.
O resultado da eleição ratificado pela Justiça Eleitoral indicou uma vantagem de apenas 233.831 votos (0,56% do total de 41,6 milhões de eleitores) de Calderón sobre López Obrador. Como conseqüência, o presidente eleito receberá, em 1.º de dezembro, um país dividido e à beira da desobediência civil.
Embora suas ações sejam reprovadas por mais de 70% dos mexicanos o que inclui uma parte dos 35% de eleitores que votaram em López Obrador , partidários do PRD advertem que manterão o protesto pelo menos até o dia 16, quando realizarão uma "convenção" para escolher "um presidente legítimo" e rejeitam propostas de diálogo.
Numa demonstração da tensão que predomina no país, os juízes do tribunal tiveram de passar a noite de segunda para terça-feira no edifício da corte, para evitar que os manifestantes centro-esquerdistas que cercam o prédio os impedissem de entrar. Impasses regionais como uma violenta greve de professores que se estende por três meses em Oaxaca, no sul do país, e já deixou o saldo de pelo menos três mortos complicam ainda mais o quadro político.
Em terceiro lugar ficou o candidato do Partido Revolucionário Institucional (PRI) que governou o México por mais de sete décadas, até 2000 , Roberto Madrazo.
No momento em que o tribunal tornou pública sua decisão de proclamar Calderón, centenas de partidários de López Obrador se puseram em prantos, enquanto uma ensurdecedora salva de fogos de artifício festejava a vitória do candidato do PAN.
Perfil
Nascido em uma família abastada e profundamente católica em 18 de agosto de 1962, Calderón fez mestrado em administração pública na Universidade de Harvard. Filho de um dos fundadores do PAN, Luis Calderón, que abandonou o partido em protesto ao que considerou ser o abandono do caráter de seus fundadores, católicos militantes.
Ex-deputado federal por dois mandatos e ex-ministro da Energia do presidente Fox, ele é casado com Margarita Zavala, ex-deputada do PAN, e tem três filhos.



