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A escassez de ajuda financeira internacional, as restrições comerciais impostas por Israel e a atual paralisia diplomática ameaçam os esforços palestinos para a criação de uma economia viável e de instituições sólidas, disseram a ONU e o FMI em relatórios na quarta-feira.

Os dois textos, divulgados dias antes de os líderes palestinos irem à ONU pleitear seu reconhecimento como Estado independente, afirmam que a Autoridade Palestina (AP) cumpriu seu objetivo de preparar os órgãos necessários para a administração de um país.

Mas eles afirmam que há pela frente ameaças econômicas e políticas que podem reverter os avanços dos últimos dois anos.

"Estou muito preocupado com a desconexão entre o que a AP conseguiu no terreno e a situação em que se encontra o processo político", disse Robert Serry, coordenador especial da ONU para o processo de paz do Oriente Médio.

"A realidade é que há pouca coisa que possa ser feita em condições de ocupação prolongada, questões não resolvidas sobre o status final, falta de avanços sérios a respeito de uma solução com dois Estados e continuidade da divisão entre os palestinos", acrescentou.

O presidente palestino, Mahmou Abbas, pretende pleitear o reconhecimento do Estado palestino na ONU porque as negociações diretas com Israel para tal fim chegaram a um beco sem saída, depois de serem interrompidas no ano passado em meio a uma polêmica sobre a ampliação dos assentamentos judaicos na Cisjordânia.

Israel condena a busca unilateral pelo reconhecimento, e seus ministros já alertaram para possíveis retaliações, incluindo o congelamento de verbas. Os EUA também são contra a iniciativa palestina junto à ONU, e alguns funcionários ameaçam cortar a ajuda financeira dos EUA à AP, que chega a cerca de 450 milhões de dólares.

A AP, que exerce uma autoridade limitada sobre partes da Cisjordânia, confia na ajuda internacional para cobrir um déficit que deve alcançar 900 milhões de dólares neste ano.

O Fundo Monetário Internacional, no entanto, disse que a economia palestina já está sofrendo com uma forte redução nas doações. Nos primeiros oito meses do ano, essas verbas totalizaram 400 milhões de dólares, ou 300 milhões a menos do que o previsto.

"A recente escassez na ajuda está constituindo sérios riscos à capacidade de construção de um Estado por parte da AP, especialmente diante da sua ainda elevada dependência em relação à ajuda", disse o FMI.

A AP diz que governos árabes deixaram de cumprir compromissos previamente assumidos, e que por causa disso o pagamento dos salários dos 150 mil funcionários públicos foi afetado duas vezes nos últimos três meses.

O FMI diz que as perspectivas econômicas para os palestinos são sombrias. Na Cisjordânia, a taxa de crescimento anual no primeiro semestre foi de apenas 4 por cento, metade do que era no final de 2010.

Já na Faixa de Gaza, que é administrada pelo grupo islâmico Hamas, o crescimento disparou de 15 por cento em 2010 para 28 por cento no primeiro semestre deste ano. Isso, segundo o FMI, reflete a redução das restrições de Israel à região desde meados de 2010, mas o PIB da região ainda continua inferior ao que era em 2005.

O desemprego na Faixa de Gaza, segundo o FMI, caiu de 37 para 28 por cento. Na Cisjordânia, ele se manteve em 16 por cento.

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