• Carregando...
A costureira Ivonne Molina, que trabalha em casa: expectativa é que licenças para abrir negócios estimulem a geração da renda | AFP
A costureira Ivonne Molina, que trabalha em casa: expectativa é que licenças para abrir negócios estimulem a geração da renda| Foto: AFP

Abertura

As principais reformas de Raúl Castro, desde 2008:

Demissões

Anunciada na segunda-feira, a demissão de 500 mil funcionários públicos, cerca de 12% dos funcionários do Estado, deve ocorrer até março do ano que vem.

Cooperativas

Com a retirada de milhares de pes­­soas do setor público, o governo es­­pe­­ra estimular o trabalho em coope­­ra­­tivas e também pequenos negócios.

Pacote de 2008:

Turismo

Em 2008, os cubanos receberam permissão para se hospedar em hotéis do país, antes reservados a estrangeiros. O aluguel de carros também foi liberado.

Comunicações

Raúl liberou também o serviço de telefonia celular, antes permitida apenas a funcionários do governo e estrangeiros. A venda de artigos eletrônicos e computadores também foi liberada.

Remédios

O governo flexibilizou as regras de venda de medicamentos e permitiu que cubanos comprassem em qualquer farmácia do país.

A maior reforma econômica em Cuba em 20 anos terá um novo sistema de impostos, novas cooperativas e empresas privadas pa­­ra abrigar os 500 mil funcionários púlicos que deverão ser demitidas até março, mostra documento ob­­tido pela agência Associated Press. Os salários vão variar conforme a produtividade do empregado.

O plano do governo tem uma lista de sugestões de cooperativas para os que vão ficar desempregados. Entre elas, a criação de animais – como coelhos, serviços de táxi, fabricação de doces e frutas secas e produção de tijolos.

Para analistas ouvidos pela Ga­­zeta do Povo, mais importante do que delimitar o que pode ser co­­mercializado a partir de agora na ilha seria estimular as pessoas a assumir com seu trabalho a conquista da sobrevivência. "O que eles precisam é gerar novas ocupações para que as pessoas passem a assumir gradativamente a responsabilidade pela renda, que hoje é do Estado", diz o coordenador de Economia da UniBrasil, Edson Stein.

A primeira providência seria ensinar as pessoas a produzir para vender, o que ainda é rudimentar na ilha. "No máximo, trabalham com permutas", conta Stein, que entre 2000 e 2006 esteve cinco vezes em Cuba para um projeto de pesquisa.

Com estabilidade de trabalho garantida tanto no setor público quando no privado, explica o professor de relações internacionais da UFRJ Leonardo Valente, os cubanos terão dificuldades com o empreendedorismo. O próprio documento reconhece que muitas das iniciativas sugeridas de­­vem "falhar em um ano".

Outra emergência econômica da ilha é elevar a produtividade, já que o próprio governo admite que "os gastos em salário e outros com pessoal não são respaldados pelos níveis produtivos atuais".

Para a atividade agrícola, um dos limitadores é a importação de equipamentos, sementes e afins, já que o embargo dos EUA imposto à ilha impede até a transferência de tecnologia. Essa situação poderia ser resolvida, como observa a professora de direito internacional da UniBrasil Larissa Ra­­mi­­na, pelo governo de Barack Oba­­ma, que já sinalizou com a retirada de restrições comerciais caso haja concessões cubanas.

Outra questão levantada por analistas é a dúvida sobre o nível de intromissão do Estado nas fu­­turas cooperativas. "Seria uma bo­­bagem o governo dizer onde cada um vai trabalhar por meio de li­­cenças", avalia o reitor da Uni­­ver­­sidade Positivo José Pio Mar­­tins.

A perspectiva é de que haja controle. "Acredito que o governo irá incentivar, mas manter o controle sobre esses novos negócios", diz Edson Stein.

Outros analistas são ainda mais céticos, como o diretor da Estação Business School, Judas Tadeu Mendes. "Esse estímulo a cooperativas é um paliativo. O que precisa é mudar o sistema econômico", diz.

Segundo o documento governista, alguns trabalhadores serão estimulados a se empregar em empresas de capital estrangeiro que passarão a investir na ilha.

Impostos

Algumas das atividades propostas pelo governo já são praticadas por cubanos de maneira informal e, por isso, sem pagar impostos. Com a reforma, o governo pretende criar "um novo sistema tarifário", "mais personalizado e mais rigoroso", cita o documento. As taxas serão cobradas sobre sa­­lários, vendas, aposentadorias e de pequenas empresas com em­­pregados.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]