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Seca

Fome na África provoca saques

Refugiados disputam alimentos distribuídos pelas ONGs, que não são suficientes para atender os famintos

Famílias somalis buscam postos de distribuição de alimentos na região Doloow, no sul da Somália | Peter Martell/AFP
Famílias somalis buscam postos de distribuição de alimentos na região Doloow, no sul da Somália (Foto: Peter Martell/AFP)
Confira as crises históricas responsáveis pela morte de milhões de pessoas |

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Confira as crises históricas responsáveis pela morte de milhões de pessoas

A falta de comida em Mogadício, na Somália, que nos últimos dois meses recebeu 100 mil refugiados em busca de abrigo da guerra e da seca, teve como consequência saques e conflitos entre a população afetada. O relato foi feito ontem pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

"Nossos colegas veem o desespero das pessoas deslocadas e famintas, que atacam umas às outras para conseguir a comida distribuída pelas ONG locais", afirmou em Genebra a porta-voz do Acnur, Vivian Tan.

Segundo a organização, a comida que foi possível levar é insuficiente, o que causou "graves tumultos e até alguns atos de saque e pilhagem".

Vivian estimou em 100 mil o número de pessoas que chegaram à capital desde junho. Somente neste mês, 40 mil refugiados da fome buscaram ajuda na capital somali e mais 30 mil foram a acampamentos a cerca de 50 km da cidade.

Muitos deslocados morrem pelas estradas. As mães são forçadas a abandonar seus filhos mortos ou à beira da morte, relataram ontem funcionários dos serviços de ajuda adas Nações Unidas.

O principal destino é em Badbado, onde vivem 28 mil pessoas. Os refugiados também buscam a fronteira com o Quênia, onde fica o acampamento de Dadaab, o maior campo de refugiados do mundo, com mais de 380 mil pessoas.

O Acnur também alertou sobre a situação nos abrigos de Dollo Ado, na fronteira sudoeste com a Etiópia, onde "uma em cada três crianças menores de 5 anos que chegam têm que ser tratadas com urgência devido à sua severa desnutrição".

A ONU reforçou hoje o apelo a ajuda financeira para operação de emergência que necessita de US$ 2 bilhões, dos quais até agora só se recebeu a metade.

FMI

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, disse ontem que a instituição está pronta para ajudar as nações no Chifre da África que enfrentam "potencialmente a pior crise de segurança alimentar seis décadas".

O Banco Mundial informou na segunda-feira, antes de uma cúpula emergencial sobre a crise, que fornecerá mais de US$ 500 milhões para assistir as vítimas da estiagem, além dos US$ 12 milhões em socorro imediato aos mais gravemente afetados pela crise.

A ONU prevê que as condições se deteriorem ainda mais nos próximos meses. "Alívio imediato e recuperação são a primeira prioridade, e é importante agir rápido para reduzir o sofrimento humano", disse o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick. O banco informou que a recente alta dos preços dos alimentos colocou mais de 44 milhões de pessoas em todo o mundo em condição de extrema pobreza.

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