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Julian Assange preenche formulário em delegacia de Suffolk, Inglaterra. A visita diária à polícia é um dos termos de sua fiança | Paul Hackett/Reuters
Julian Assange preenche formulário em delegacia de Suffolk, Inglaterra. A visita diária à polícia é um dos termos de sua fiança| Foto: Paul Hackett/Reuters

Diplomacia

Brasil quer aproximar EUA e Venezuela

O governo brasileiro dispôs-se a mediar a aproximação direta entre os Estados Unidos e a Venezuela, segundo telegramas da embaixada norte-americana em Brasília vazados ontem pelo WikiLeaks. Em conversas com diplomatas e autoridades do governo norte-americano, o assessor da presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, insistiu nessa via e estimulou o atual subsecretário de Estado para América Latina e Caribe, Arturo Valenzuela, a embarcar a Caracas para conversar com o presidente venezuelano, Hugo Chávez.

"Sem esse movimento, Garcia disse, ‘Chávez responderá a qualquer um (por exemplo, a autoridades do governo norte-americano de qualquer posição). Ele não tem senso de proporção’", descreve o telegrama de 29 de dezembro de 2009, ao relatar a conversa entre o assessor presidencial e a Venezuela. O telegrama menciona que, três meses antes, Marco Aurélio havia insistido com o general James Jones, então conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, para fazer a mesma visita.

Benefícios

A aproximação EUA/Venezuela havia sido defendida também a Jones pelo chanceler Celso Amorim, que argumentara sobre os benefícios dessa relação direta para a oposição no país vizinho – já que boa parte da oposição a Chávez têm laços com os EUA.

Londres - O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, disse que é maravilhoso sair do confinamento com o apoio de "pessoas perto do poder", como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A declaração foi dada em uma das primeiras entrevistas de Assange ao jornal espanhol El País, após sair da prisão temporária em um pedido de extradição do Reino Unido para a Suécia pela acusação de crimes sexuais.

"[Lula] é um caso especial, porque está deixando o cargo, e isso lhe permite ser mais direto do que havia sido. Já não tem de prestar nenhuma lealdade aos EUA", ressalvou Assange ao El país.

"É maravilhoso ter deixado o confinamento. Me sinto muito determinado. Vi que recebemos apoio em escala mundial, especialmente na América do Sul e Austrália e é como se todo mundo, em todas as partes tivesse nos apoiado. Mas quanto mais próximo está um homem do poder, me­­nos predisposto está a nos apoiar, provavelmente porque tem mais a perder. Nos últimos dez dias, temos visto gente, in­­cluindo próximas do poder, que demonstraram seu apoio."

Assange contou ao El País um caso engraçado durante a detenção, em que ele quebrou um dente en­­quanto comia arroz com ervilhas com um pequeno objeto me­­tálico. O criador do WikiLeaks não sabia como aquilo havia parado em sua comida, mas pegou o dente e o guardou em um papel. De­­pois, ao voltar para sua cela, descobriu que o dente havia sido levado.

Ameaças

Ao jornal espanhol, o australiano disse que estava sendo constantemente ameaçado. "Recebi ameaças de morte o tempo todo. Meu advogado recebe, meus filhos re­­cebem."

Ele disse que elas devam vir de membros do Exército americano. Assange afirmou também que foi transferido três vezes na prisão, sob o temor de ataque de outros detentos perigosos.

"Não podia sair da minha cela, mas muitos presos passavam coisas por debaixo da minha porta. Havia muita curiosidade", afirmou Assange, que recebia muitas cartas de curiosos.

"Terrorista"

O vice-presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou que Assange é um "terrorista de alta tecnologia’’ e confirmou que o Departamento da Justiça estuda meio de processá-lo. "Estamos analisando [o ca­­so]. Se conspirou com um militar dos Estados Unidos para chegar a esses documentos secretos, seria completamente diferente de tê-los entregue a um jornalista’’, afirmou Biden.

Veja os últimos vazamentos do site WikiLeaks:

Zimbábue

- O ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan ofereceu a Robert Mugabe em 2000 um acordo para que o ditador renunciasse ao cargo em troca de uma vida tranquila no exílio. Mas a proposta foi rejeitada por Mugabe.

Espanha

- Na avaliação da Embaixada dos EUA, o governo espanhol esteve mais preocupado com tendências separatistas no país do que com o combate à crise econômica, o que teria dificultado a situação do país à época.

Israel

- No primeiro encontro entre Binyamin Netanyahu e funcionários americanos, o premier disse que todos os problemas israelenses são "insignificantes’’ perto da ameaça de o Irã produzir uma bomba atômica.

Iêmen

- Funcionário iemenita alertou os Estados Unidosno começo doano à vulnerabilidade de depósito de material radioativo daComissão Nacional de Energia Atômica. O Iêmen abriga um dos mais ativos braços da Al-Qaeda.

Brasil

- Em meio à crise em Honduras, em 2009, a Embaixada do Brasil em Tegucigalpa foi ameaçada de explosão. O alerta por telefone, recebido pela embaixada em Washington, pôs a diplomacia brasileira em cooperação com o Serviço Secreto dos Estados Unidos.

China

- A China paga à polícia do Nepal para que ela busque refugiados do Tibete, quando estes cruzam a fronteira para escapar de perseguições. Um porta-voz da polícia do Nepal negou as acusações.

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