
Soldados da Turquia, aviões e helicópteros lançaram ontem uma incursão no Curdistão iraquiano, horas após rebeldes curdos matarem 26 soldados e ferirem 22 em ataques múltiplos na região da fronteira. Autoridades turcas não confirmaram a incursão, mas o chefe dos militares, bem como os ministros da Defesa e do Interior, seguiram para a região de fronteira, enquanto o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan cancelou uma visita ao Casaquistão.
Em Ancara e em Istambul, ocorreram protestos populares contra os ataques dos curdos, que possivelmente foram desfechados por membros do extremista Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PPK).
"Nós nunca nos curvaremos a qualquer ataque, vindo de dentro ou de fora da Turquia", disse Erdogan. O presidente da Turquia, Abdullah Gul, prometeu vingança. "Eles verão que a vingança por estes ataques será imensa e muitas vezes mais forte", afirmou.
Na terça-feira, em outro atentado atribuído a insurgentes curdos, oito pessoas foram mortas por uma bomba no leste da Turquia, incluídas duas crianças de 4 e 13 anos.
A emissora NTV, sem citar fontes, disse que as tropas turcas penetraram até 4 quilômetros no território iraquiano.
O Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) afirmou que os confrontos ocorriam em duas áreas separadas, perto da montanhosa fronteira entre os dois países. "Nós estamos nos confrontando com forças turcas em duas áreas", afirmou por telefone Dostdar Hamo, um porta-voz do grupo rebelde.
Na semana passada, a Turquia pressionou o Iraque a erradicar as bases rebeldes no Curdistão iraquiano, dizendo que sua "paciência estava se esgotando", por causa de ataques rebeldes na Turquia que partiam da região curda no norte iraquiano, que é semiautônoma. Acredita-se que cerca de 100 rebeldes participaram dos ataques de ontem, segundo a emissora estatal TRT. Os rebeldes fugiram para o norte do Iraque após a ação, segundo a NTV.
O conflito já deixou dezenas de milhares de mortos desde 1984. Políticos curdos pedem mais direitos políticos e culturais para os curdos, que representam 20% da população de 74 milhões da Turquia, como o direito à educação em sua língua materna. O governo turco teme que isso poderia dividir etnicamente o país.
O governo permitiu a educação em curdo em institutos de ensino da língua e em cursos privados, mas impede a educação em nível básico em curdo.



