As forças de segurança de Mianmar (antiga Birmânia) usaram gás lacrimogêneo e dispararam tiros para o alto na tentativa de dispersar manifestantes em Rangun, principal cidade do país, espalhando o pânico e levando centenas de pessoas a fugir. Cerca de 200 monges foram presos nesta quarta-feira em meio aos maiores protestos em quase 20 anos contra a junta militar que governa o país. Cinco manifestantes foram mortos, segundo um grupo de oposição ao governo militar, baseado em Oslo (Noruega).
Apesar dos temores de que se repita o derramamento de sangue que ocorreu durante uma rebelião em 1988, quando soldados mataram algo em torno de 3.000 pessoas, testemunhas disseram que o centro da cidade de Rangun continua tomado por dezenas de milhares de pessoas. O número de manifestantes diminuiu, mas as tropas e a polícia antidistúrbio cercaram ao menos seis monastérios.
- Elas estão marchando pelas ruas, com os monges no meio e pessoas comuns nos dois lados. Elas estão protegendo os monges, formando um escudo humano - contou uma testemunha.
Tropas de choque lançaram gás lacrimogêneo contra as colunas de monges tentando passar por barricadas que fecham o pagode de Shwedagon - considerado o local mais sagrado de Mianmar e ponto de partida das marchas no país. Até 200 monges foram presos do lado de fora do templo. Várias testemunhas disseram que alguns monges sofreram golpes e foram maltratados pela polícia.
Premier britânico pede que Conselho de Segurança da ONU discuta o caso
Um dia depois de o presidente dos EUA, George W. Bush, anunciar sanções ao país, o primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Gordon Brown, pediu nesta quarta-feira que uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas discuta a crise em Mianmar. Brown exigiu que seja enviado um representante da ONU ao país.
- Espero que o Conselho de Segurança se reúna imediatamente hoje e discuta esta questão e analise o que pode ser feito. A primeira coisa a fazer é enviar um representante da ONU - disse Brown em uma conferência do Partido Trabalhista.
Toque de recolher
Na terça-feira, ao anoitecer, caminhões militares com alto-falantes anunciaram o estabelecimento do toque de recolher. Mas o reforço na segurança não impediu que os sacerdotes budistas, a antiga autoridade moral mais alta do país, voltassem a desafiar os militares, que governam a nação há 45 anos.
Entre os presos na operação para sufocar as manifestações estão dois importantes ativistas. O comediante Za Ga Na se uniu, na segunda-feira, à convocação dos monges para que mais gente se juntasse aos protestos, e foi preso em sua casa de Rangun junto com o ativista Win Naing, disseram seus familiares.
- Este é um teste de vontades entre as duas únicas instituições no país que têm poder suficiente para mobilizar as pessoas nacionalmente - afirmou Bradley Babson, ex-funcionário do Banco Mundial em Mianmar. - Uma das duas instituições vai ruir.
Os protestos começaram em agosto pelo alta preço dos combustíveis, que afeta ainda mais uma população que já viu nestas décadas a queda drástica de seu nível de vida. Muitos monges começaram a participar dos protestos depois que soldados reprimiram de forma violenta uma manifestação pacífica na cidade de Pakokku, no centro do país, no dia 5 de setembro.
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