A descoberta de um fóssil de cerca de 375 milhões de anos pode ser a peça que faltava no quebra-cabeça evolutivo, o que permitiria explicar como se deu a transição da vida aquática para a vida terrestre, sugere estudo publicado no último número da revista "Nature". Pesquisadores da Universidade de Chicago teriam descoberto uma espécie de ancestral dos peixes que, apesar de contar com escamas e barbatanas, possuía estrutura esquelética semelhante à de um crocodilo, com pescoço e costelas características de animais terrestres.
- É um peixe que apresenta a surpreendente combinação de características de animais de hábitos terrestres - afirmou Neil Shubin, da Universidade de Chicago. - Ele apresenta pescoço e costelas de um quadrúpede. As juntas das nadadeiras peitorais apresentam ossos comparáveis ao braço e às partes primitivas das patas e mãos de animais terrestres. Este animal representa a transição da água para a terra - o que inclui os seres humanos.
O fóssil da nova espécie, batizada 'Tiktaalik roseae', foi encontrado pela equipe de pesquisadores incrustado em pedras congeladas de um rio em Ellesmere Island, Nunavut, no Canadá, ao norte do Círculo Ártico. Pela análise do fóssil - praticamente completo e muito bem-preservado - a criatura teria um crânio de cerca de 20 centímetros, dentes afiados, mandíbula de 25 a 51 centímetros e corpo achatado que podia medir de 1,25 a 3 metros de comprimento.
Segundo os pesquisadores, a maior parte das juntas das nadadeiras seria funcional. O ombro, o cotovelo e até mesmo partes do pulso funcionariam de forma similar à vista nos primeiros animais terrestres. O estudo sugere que o Tiktaalik habitasse uma foz ou delta, o que o teria encorajado a se aventurar em bancos de areia, e até mesmo em terra firme, em busca de comida ou proteção.
- O esqueleto do Tiktaalik indica que o ele podia suportar seu corpo sob a força da gravidade em bancos de areia ou na terra. Isso representa uma fase inicial na evolução de todos os animais que têm membros, incluindo os humanos - ressaltou Farish Jenkins, professor de biologia evolucionária da Universidade de Harvard e um dos autores do estudo.



