
A França confirmou ontem que um jovem francês de 22 anos, identificado como Maxime Hauchard, fazia parte do comando do Estado Islâmico (EI) que aparece em um vídeo no qual os terroristas decapitam 20 homens, entre eles o refém americano Peter Kassig.
O ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, disse que os serviços secretos franceses (DCRI) estabeleceram que "há uma forte presunção" de que um dos executores seja Hauchard, de 22 anos, procedente da cidade de Rouen, na Normandia, noroeste do país.
Cazeneuve, em um comparecimento perante os meios de comunicação, explicou que este jovem convertido ao Islã já era alvo de acompanhamento por parte dos serviços secretos e indicou que a "França, junto a seus parceiros europeus e internacionais, prossegue sem descanso e com determinação, sua luta contra as ações terroristas", tanto mediante sua participação na operação militar contra o EI no Iraque, como em seu próprio território com uma nova legislação.
A procuradoria da França também investiga se um segundo cidadão francês faz parte do comando do Estado Islâmico (EI) que aparece no mesmo vídeo. "Ainda é cedo para saber se há outro francês, mas estamos investigando", afirmou ontem o procurador-geral de Paris, François Molins.
Molins declarou que se trataria de um francês nascido em 1992, da mesma forma que Maxime Hauchard, que já foi formalmente identificado no vídeo, mas disse que, ao contrário do primeiro, não é natural da cidade de Rouen.
O procurador assinalou ainda que foi aberta uma investigação judicial sobre estes dois indivíduos, acusados de assassinato e de associação de malfeitores com fins terroristas.
Um terceiro envolvido, detido em Paris, está acusado de cumplicidade, embora se desconheça por enquanto em que grau.
Molins indicou que é muito provável que o de Maxime Hauchard "não seja um caso isolado" e destacou que foram investigados 1.132 franceses relacionados com organizações terroristas jihadistas. Ele acrescentou que 93 pessoas foram detidas por estes casos, 48 das quais se encontram ainda na prisão, e que há 109 acusados, dos quais dez já foram julgados.
O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, assegurou que estes jihadistas "vão pagar nos tribunais pelos horrores que reivindicam", ao mesmo tempo em que salientou que "não se pode baixar a guarda" perante este problema.
Combate
Na sexta-feira, dia 14, foi publicada na França uma lei contra o terrorismo que, lembrou Cazeneuve, "reforça o dispositivo tanto preventivo como repressivo". Entre outras coisas, prevê a retirada do passaporte de pessoas suscetíveis a ir ao estrangeiro para se integrar aos grupos jihadistas.
Cazeneuve lançou "solenemente" uma mensagem a seus "compatriotas, e em particular aos mais jovens, que são alvo privilegiado da propaganda terrorista, para que abram os olhos à terrível realidade das ações do EI".
"Esses predicadores do ódio -argumentou- devem ser vistos como o que são, criminosos".



