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O governo da França iniciou nesta quinta-feira (20) uma ofensiva para atrair mais investimentos para sua indústria militar, destacando a importância do setor para a segurança nacional e a defesa dos “princípios do país”. Durante uma série de eventos, os ministros da Defesa, Sébastien Lecornu, e da Economia, Éric Lombard, reuniram-se com empresários e investidores para reforçar a necessidade de ampliar o financiamento privado para o setor.
“Produzir armas não é algo sujo”, declarou Lecornu, enfatizando que o objetivo da França é fortalecer sua capacidade de defesa e não “promover a guerra”. O ministro fez a declaração em Paris, diante de centenas de investidores, e mais tarde, durante uma visita à fábrica da estatal de defesa Eurenco, em Bergerac, que produz cargas explosivas para projéteis de artilharia.
Nos últimos dois anos, a planta da Eurenco aumentou significativamente sua produção para atender à crescente demanda por munições, especialmente para a Ucrânia. A fábrica expandiu sua força de trabalho de 180 para 500 funcionários e agora produz cerca de 100 mil obuses por ano.
Lombard reforçou a mensagem do governo, afirmando que “a investimento em defesa não só é socialmente responsável, mas também garante a paz e está a serviço do projeto democrático europeu”. A França, que já é o segundo maior exportador de armas do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, busca consolidar sua posição como uma potência militar e reduzir sua dependência externa.
O governo francês, liderado pelo presidente Emmanuel Macron, planeja investir 413 bilhões de euros em defesa entre 2024 e 2030, um aumento de 118 bilhões de euros em relação ao período anterior. No entanto, para financiar o crescimento do setor e suprir a demanda crescente, será necessário captar entre 5 e 7 bilhões de euros em novos investimentos até 2030, sendo que 1 a 3 bilhões virão de fundos próprios das empresas.
Para facilitar essa captação, a banca pública de investimento Bpifrance lançará um fundo especial para atrair investidores privados. O fundo pretende arrecadar 450 milhões de euros, sendo que os cidadãos franceses poderão investir valores a partir de 500 euros, com possibilidade de aportes de “vários milhares de euros”. No entanto, os recursos ficarão bloqueados por pelo menos cinco anos e não terão rentabilidade garantida.
