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O papa Bento XVI durante visita ao Brasil, em 2007.
O papa Bento XVI durante visita ao Brasil, em 2007.| Foto: Rodolfo Buhrer/Arquivo Gazeta do Povo

O papa Francisco revelou que no conclave de 2005 houve “manobras” entre os cardeais e tentaram usá-lo porque não queriam eleger um pontífice “estrangeiro”, durante o processo que terminou com a escolha do alemão Joseph Ratzinger.

A revelação faz parte do livro de entrevistas 'El Sucesor', no qual Francisco narra pela primeira vez os dez anos de convivência com Bento 16.

O capítulo do livro escrito pelo jornalista espanhol Javier Martínez Brocal dedicado ao conclave de 2005 foi publicado neste domingo pelo jornal “ABC” e nele Francisco fala dos estratagemas entre os cardeais fechados na Capela Sistina.

“Aconteceu que tive 40 dos 115 votos na Capela Sistina. Eram suficientes para frear a candidatura do cardeal Joseph Ratzinger, porque, se tivessem continuado a votar em mim, não teria conseguido chegar aos dois terços necessários para ser eleito papa", declarou Francisco.

“A manobra consistia em colocar o meu nome, bloquear a eleição de Ratzinger e depois negociar um terceiro candidato diferente. Disseram-me depois que não queriam um papa ‘estrangeiro’. Foi uma manobra total. A ideia era bloquear a eleição do cardeal Joseph Ratzinger. Eles estavam me usando, mas por trás já estavam pensando em propor outro cardeal”, acrescentou.

“O conclave começou na segunda-feira, 18 de abril de 2005. A primeira votação foi à tarde. Essa operação foi na segunda ou terceira votação, na terça-feira, dia 19, pela manhã. Quando percebi isso à tarde, disse a um cardeal latino-americano, o colombiano Darío Castrillón: 'Não brinque com a minha candidatura, porque agora vou dizer que não vou aceitar, hein? Me deixem aí.' E foi aí que Bento 16 foi eleito", relatou Francisco.

Nesse sentido, o papa assegura que Joseph Ratzinger era seu candidato porque “era o único que naquela época poderia ser papa”.

“Depois da revolução de João Paulo 2°, que tinha sido um pontífice dinâmico, muito ativo, com iniciativa, que viajava... havia necessidade de um papa que mantivesse um equilíbrio saudável, um papa de transição”, opinou.

“Se tivessem escolhido alguém como eu, que causa muitos problemas, eu não teria conseguido fazer nada. Naquela época, isso não teria sido possível. Saí feliz. Bento 16foi um homem que acompanhou o novo estilo. E não foi fácil para ele, hein? Ele encontrou muita resistência dentro do Vaticano", completou.

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